domingo, 29 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Arte de Mehmet Ozgur

Quando pensamos que em arte já nada pode surpreender aí vem algo que o desmente. Digo isto a propósito do fotógrafo turco Mehmet Ozgur que resolveu fotografar esculturas de fumo que ele próprio cria. Esses e outros trabalhos podem ser admirados no seu magnifíco sítio na internet.


Soares Teixeira

domingo, 22 de novembro de 2009

Kseniya Simonova e os seus desenhos na areia

Kseniya Simonova é uma jovem artista ucraniana que faz espantosos desenhos na areia e em 2009 venceu um concurso de talentos com uma tocante recriação da guerra. No video abaixo pode-se ver o seu fantástico desempenho.





Soares Teixeira

sábado, 21 de novembro de 2009

Ruy de Carvalho

Conversei com o Mestre. Ouvi-o falar, com aquela sua voz que permanece como um sino que se alonga na distância para possuir o que estão à espera de um instante mais puro. Foi no Martinho da Arcada, na passada quinta-feira. Uma noite diferente. Um jantar de tertúlia em que soube bem estar ali, a renascer da linha do meu sereno contentamento. Foi bom ter dito ao Mestre: "Foi por sua causa que fui estudar Teatro no Conservatório Nacional".


Soares Teixeira

domingo, 15 de novembro de 2009

Eunice Muñoz - "O Ano do Pensamento Mágico"

Hoje assisti no Teatro Nacional Dona Maria II a uma representação da peça "O Ano do Pensamento Mágico", um monólogo onde Eunice Muñoz surge como sempre: sublime.
Baseada em factos verídicos e recentes a peça é duma profundidade esmagadora. O destino, o acaso, a fragilidade da vida e da condição humana são-nos expostos de uma forma absolutamente superior e ao mesmo tempo perturbante. Baseado na história verdadeira da escritora e jornalista norte-americana Joan Didion "O Ano do Pensamento Mágico" é uma peça de grande exigência, para quem interpreta, e também para o público.


Soares Teixeira

sábado, 14 de novembro de 2009

60º Aniversário da Sociedade da Língua Portuguesa

Dias 12 e 13 foram um momento alto para a Língua de Camões. Decorreu o colóquio do 60º Aniversário da Sociedade da Língua Portuguesa, pleno de intervenções brilhantes. Culminou ontem à noite com um fantástico jantar onde o convívio são, fraterno e aberto foi a mais requintada iguaria. Escritores, cantores, pintores, actores, gente, muita gente que ama esta fabulosa Língua, que concede aos poetas um admirável infinito em cada palavra, marcou a sua presença neste evento.
Parabéns Sociedade da Língua Portuguesa.



Soares Teixeira

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Earth Song - Michael Jackson

Earth Song: Michael Jackson num momento de génio.






Soares Teixeira

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Rammstein

Ontem, Lisboa, Pavilhão Atlântico, Rammstein. Estive lá. Fabuloso!


Soares Teixeira

domingo, 8 de novembro de 2009

Carmina Burana

Ontem, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, revi Carmina Burana. Uma obra hipnótica que desde a sua inauguração, em 1937, tem atraido multidões por todo o mundo. Mística e mágica a Roda da Fortuna de Carmina Burana gira e leva-nos nos seus eixos.
Com textos da Idade Média e música do século XX, Carmina Burana conduz-nos para a fruição da história, da vida, do transitório e do eterno.





Soares Teixeira

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"ENQUANTO O OLHAR ATRAVESSA O QUINTAL" - Soares Teixeira




Enquanto o olhar atravessa o quintal
No canteiro
A rosa
Aberta vermelha perfumada
Atravessa o nada para ser tudo
No cabelo negro de uma saudade
Ao fundo
A porta da casa
(Antes era a porta de casa)
Fechada
Surda
Muda
Inerte
Sem mãos que dela se estendam
As ondas já não são de espuma
Alta e cintilante
O horizonte é um pássaro dentro da retina
O resto
Apenas instantes
Que atravessam o corpo



Soares Teixeira

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

50 anos de Astérix

Sempre fui um fã incondicional de Ásterix. Não só pelos personagens ou pelas histórias, mas pela mensagem: os "Gauleses" somos todos nós - mesmo sitiados resistir é a única alternativa.





Soares Teixeira

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Liszt

A 22 de Outubro de 1811, na Hungria, nasceu um dos maiores compositores de todos os tempos: Franz Liszt. Pianista virtuoso e revolucionário da técnica do piano marcou uma época e foi um ponto de viragem na história da música. O nome de Liszt tornou-se sinónimo de absoluto e transcendência. Génio do Romantismo, homem do seu tempo, mas muito para lá do tempo - de qualquer tempo - Liszt faz-nos atravessar o inimaginável.






Soares Teixeira

domingo, 18 de outubro de 2009

O Camareiro

Em "O Camareiro" Ronald Harwood mostra-nos até onde pode ir o amor à grande arte do Teatro. Ruy de Carvalho num papel que lhe assenta como uma luva e Virgílio Castelo em excelente desempenho apresentam-nos um tocante retrato da vida nos bastidores de um teatro. Vidas dentro da vida, trajectórias que se cruzam, sentimentos à flor da pele. A encenação é de de João Mota. Esta magnífica peça está em cena do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, até 25 de Outubro.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Requiem para um PC

O meu Laptop morreu. Tinha já 8 anos. Velhinho. Disseram-me numa Clínica de computadores que devolvê-lo à vida era mais caro que comprar um novo. "Paz à sua alma" - pensei, enquanto caminhava no Centro Comercial com o defunto PC dentro da respectiva mala. Na verdade apenas lamento o dinheiro que dei por ele e que agora perco.
Mas... há aqui qualquer coisa... começa a haver qualquer coisa com os computadores. O que é que em nós initimamente evolui com eles? estes objectos, a que temos vindo a conceder uma vertiginosa capacidade de pensar, poderão já ter adquirido Sentimento. Vistas as coisas racionalmente; é claro que não. Patetice. Contudo é através deles, e cada vez mais através deles, que alteramos os nossos sentimentos - basta navegar uns minutos na Internet ou jogar um jogo no computador. E é sempre mais o que queremos dos computadores, estamos ávidos de maior capacidade da máquina e interacção com ela. O desejo alimenta-se de si próprio. O consumo alimenta-se de si próprio. Os nossos computadores são a impensável ficção científica de há meia dúzia de décadas e os dinossauros daquilo que daqui a meia dúzia de décadas se fará. Caminhamos com o espanto da velocidade da invenção. Alongamo-nos nesta corrida. Nem tudo aquilo de que somos feitos acompanha o progresso à mesma velocidade. Criamos relatividade, energia, tensão.
Apetece estar na praia simplesmente a sentir a água, a areia e o Sol, pensar que há três mil anos alguém sentiu o mesmo bem-estar e desejar que daqui a três mil anos alguém possa ter essa mesma sensação. Apetece o desejo de continuidade das coisas primordiais que tornam o Ser Humano consciente do seu Cosmos interior e do Grande Mistério onde os opostos convergem.


Soares Teixeira

domingo, 11 de outubro de 2009

Piaf

Ontem, depois de assisir a um recital de poesia por Luis Machado fui a Politeama ver "Piaf". Não é fácil colocar em palco a vida terrível e tremenda de um dos maiores mitos da canção de todos os tempos. Edith Piaf em tudo foi excesso; a miséria absoluta dos seus primeiros anos de vida haveriam de marcar uma existência dolorosa e conturbada. Ficou a voz potente, magnética e peregrina. Aquela fraca figura tinha um poder único: a voz, a voz que nos emociona e nos faz transcender. Fica também a lição: às vezes uma pobre e insignificante criatura pode ter dentro de si um diamante raro e tornar-se a glória de um país. Piaf contribui mais para a reflexão sobre a condição humana do que muitos filósofos.
Vanda Stuart no papel de Piaf esteve à altura. La Feria mais uma vez de parabéns. Ontem tive oportunidade de dizer isso mesmo aos dois.






Soares Teixeira

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amália

Foi há 10 anos que Amália deixou cair o xaile dentro da nossa tristeza. Amália morreu há 10 anos. Foi há dez anos que Amália partiu, tornou-se um veleiro de canto e partiu - partiu para nunca mais ir embora. Amália engrandeceu Portugal. Amália deu mais claridade e horizonte a um País e a um Povo que no jardim da distância se liberta em Fado.







Soares Teixeira

domingo, 4 de outubro de 2009

Mercedes Sosa

Morreu Mercedes Sosa. Morreu a Voz da América Latina.
Lá, no extremo do chamamento, a Voz de Mercedes dá mais luz aos astros.






Soares Teixeira

terça-feira, 8 de setembro de 2009

'Duetto buffo di due gatti'

Concha Velasco e Montserrat Caballé numa estupenda interpretação dessa delirante e cómica extravagância musical que é o 'Duetto buffo di due gatti'.




Soares Teixeira

terça-feira, 1 de setembro de 2009

II Guerra Mundial

Foi no dia 1 de Setembro de 1939 que as tropas de Hitler invadiram a Polónia. Era o começo da II Guerra Mundial. Faz hoje 70 anos. Não há palavras que bastem e ao mesmo tempo todas são excessivas. Não há gritos que bastem e ao mesmo tempo o silêncio é necessário. Todas as perguntas e todas as respostas são a chaga da mesma ferida. É como se todos os espinhos abandonassem os arbustos e se cravassem na condição humana. Dor.



Soares Teixeira

domingo, 30 de agosto de 2009

Medeia

Assisti ontem, no Teatro Romano de Mérida, a uma representação de Medeia, de Eurípedes. Blanca Portillo encarnou uma Medeia que ficará na história daquele teatro. Terrível, temível e intemporal, Medeia; a mulher que por amor a Jasão traiu o pai e matou o irmão; a mulher que não poude suportar a traição do marido; a mulher que matou os filhos; exilada no tempo; solitária, encontrou-se com o público para partilhar a sua história milenar. Ontem, em Mérida, numa superlativa direcção de Tomaz Pandur aconteceu Teatro na sua expressão máxima. Aristóteles conservou a ideia de que o Teatro deveria servir os interesses da Pólis. Eurípedes, o poeta da busca, foi mais além: libertou o teatro do seu carácter didáctico e religioso; Medeia tem nesse propósito um papel fulcral. Medeia conquista a cena, que antes fora dos deuses e envolve o espectador porque os seus sentimentos são humanos - terrívelmente humanos. Não há ali uma lição de virtude ou de moral - há uma vivência. Blanca Portillo foi uma perfeitíssima Medeia intemporal, aquela que existe em cada mulher ultrajada ao extremo. Bárbara e comovente Medeia viaja pelo tempo com os seus adorados filhos e, de vez em quando, encarna a livre escolha entre o bem e o mal, a brutal condição humana que faz com que o espectador sofra aquelas dores como se fossem suas. Ontem em Mérida aconteceu Medeia; uma Medeia inteligentemente contemporânea fazendo justa homenagem ao pensamento inovador de Eurípedes.


Abaixo um video retirado do Youtube sobre esta Medeia.



E agora uma avassaldora interpretação de Zoe Caldwell, em 1983.




Soares Teixeira

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Caravela

Portugal fez-se Caravela e a vontade construiu o possível. Erguido como trigo das águas um povo navegou muito para lá de qualquer espanto. O mar que o diga. E diz. Diz e dirá, pelos tempos dos tempos - na Língua de Camões.




Soares Teixeira

domingo, 23 de agosto de 2009

Ecce Homo

Só para ver este quadro vale a pena uma visita ao fabuloso Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Sempre que revejo este Ecce Homo tenho a mesma sensação de espanto perante a força que sinto emanar da pintura. É inevitável concentrar o olhar na visão daquele Cristo que, com um pano a cobrir a cobrir-lhe os olhos, transmite a mensagem de que está permanentemente a ver um mais além: um cosmos primordial e um cosmos cerebral, e um caminho e uma unidade. É um Cristo não a sofrer mas sim já para lá do sofrimento: um Cristo a Ver. A boca também não é de agonia mas uma boca onde se adivinham palavras. Tudo o que é exterior ao corpo e nos sugere martírio e santificação quase fica num segundo nível, por detrás daquele pano, que parece que também nos cobre. Apetece afastar ambos os panos e olhar Cristo, verdadeiramente olhos nos olhos.






Soares Teixeira

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Dança - Henri Matisse

Nesta pintura de Henri Matisse existe algo de primordial, quase sagrado. Estas mulheres em celebração evocam antigos rituais dum tempo de lendas e mitos em que os corpos pareciam florescer da terra numa nudez abençoada. Parecem estar no primeiro dia de si mesmas; criaturas recém-criadas ainda cor de barro, vindas de um céu de azul profundo que envolve um mundo de fantástico verde. A simplicidade do quadro: três cores, o circulo formado pelos braços das mulheres, a curvatura da terra e as curvas dos corpos, enfatiza todo o simbolismo e toda a dinâmica do instante. É um quadro quase fotográfico onde tudo se resume ao essencial, mas que entanto nos oferece qualquer coisa. Essa oferta é um lugar, e esse lugar está entre aquelas duas mulheres que não têm as mãos unidas, que quebram o círculo. Somos convidados a paricipar na dança, no ritual, na celebração, para que o círculo se complete, para que a unidade seja alcançada. Nesta dança que nos sacode o espírito quase podemos adivinhar uma diagonal entre o canto inferior esquerdo (por onde dá a sensação que somos convidados a entrar) e o canto superior direito (onde se pode adivinhar um observador para lá do quadro).
Olhando com atenção para este quadro o tempo torna-se subitamente jovem até quase deixar de existir e somos sacudidos pelo alvoroço de um Mistério nos observa, nos chama, e nos dança no peito.


Soares Teixeira

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

"HOMENAGEM A LENYA" - Soares Teixeira


Lenya chegou aos astros
E ao poisar na planície de luz
Nasceu uma flor no firmamento
E dela saiu um pássaro
Que uma brisa súbita recebeu
Lenya chegou! Lenya chegou!
Diz a ave para um búzio de cristal
Cantemos irmãs!
Eis Lenya!
A que tem no sorriso um roseiral!
Diz uma estrela
A todo o espaço sideral


Soares Teixeira

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Serra da Arrábida

Linda, linda, linda. Na Arrábida sente-se intensamente aquele apelo ancestral da Natureza, aquele horizonte espiritual que quase faz um nó na garganta, aquele êxtase por se estar mergulhado numa quimera real. A serra e o mar são dois seres que falam entre si, falam com o céu, falam com o tempo, e falam a todos aqueles que se disponibilizam a escutar aquele encanto selvagem e sagrado.








Soares Teixeira

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"LUA" - Soares Teixeira


Leve
Descendo
Pela leveza de um gesto
Plena de ausência
Ela veio
Até mim
Abraçámo-nos
E senti-a
Presente nas minhas asas
O lago reflectiu
O nosso romance
Eu uma imagem incerta
Ela imensa real Lua


Soares Teixeira

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Lamborghini Gallardo

Classe
Sofisticação
Exclusividade





Soares Teixeira

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sagres

Magnífica fotografia do Navio Escola Sagres, um dos mais bonitos veleiros do mundo.






Soares Teixeira

domingo, 9 de agosto de 2009

Marrakech

A Imperial Marrakech é sem dúvida uma cidade a não perder. Incontáveis e labirínticos Souks transbordantes de cor e animação; deslumbrantes Palácios onde as decorações dos estuques e das madeiras de cedro atingem o impensável; a inimaginável praça de Djemaa el Fna com os seus dançarinos, acrobatas, encantadores de serpentes, músicos, contadores de histórias, vendedores; tudo em Marrakech - a Nova Iorque dos Berbéres - nos leva ao mundo das Mil e Uma Noites.









Soares Teixeira

sábado, 1 de agosto de 2009

Pelo Sonho é que vamos

Detalhe de mural de azulejos na Praia da Poça. A autoria dos desenhos do belo mural é do Agrupamento de Escolas de São João do Estoril com a colaboração da Câmara Municipal de Cascais e da Junta de Freguesia do Estoril. No centro do painel pode-se ler: "Pelo sonho é que vamos" , título de uma obra do poeta Sebastião da Gama, que também foi professor de Português.
Muito, muito bonito. São muitos os desenhos, e muitas as mensagens que estão naquele painel.




Soares Teixeira

terça-feira, 28 de julho de 2009

A Mulher Cobra

A Jovem Sul Africana Nokulunga Buthelezi, conhecida mundialmente como "Mulher Cobra", mostrando-nos até onde vai a sua incrível flexibilidade. Por pouco não cabe numa caixa de fósforos.




Soares Teixeira

domingo, 26 de julho de 2009

Horch

Seguiu o seu caminho. Elegantíssimo.


Na foto : 1938 Horch 853A Voll-Ruhrbeck Sport Cabriolet

sábado, 25 de julho de 2009

Audi comemora 100 anos

16 de Julho de 1909, Zwickau, Alemanha. Naquele dia o empreendedor August Horch era certamente um homem feliz; o mundo assistia ao nascimento da marca Audi. Cem anos depois o talento e a visão do criador estão bem patentes na robustez e dinamismo da sua obra. Nesta história de sucesso não deixa de ser curioso notar a importância do Latim.





Soares Teixeira

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Primavera





Detalhe de "A Primavera" de Alfred-August Janniot, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Belíssima esta escultura. Colocada num espaço de transição assegura uma continuidade de bem estar a quem visita a Gulbenkian.


Soares Teixeira

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lua

Cumprem-se hoje 40 anos que o Homem pisou a Lua. Nunca encarei tal facto como um atentado à ordem do Universo ou um desrespeito a qualquer Criador, nem senti qualquer preocupação pela sorte dos astronautas, pelo contrário, senti fascínio, e depois quis ser astronauta. Preocupações, e grandes, tive eu quando o Homem pisou a Terra. Exactamente. Quando eu era daquela idade em que, de bicos de pés, os olhos pouco passam do parapeito da janela deram-me um globo terrestre. Um deslumbramento; rodava e, quando se acendia um interruptor, ficava iluminado, com os países às cores. Tinha-o ao lado da minha cama, em cima de uma pequena estante com livros. Um dia resolvi colocar um boneco (Índio ou Cowboy, não me lembro) sobre o globo - naquela altura as minhas mãos serviam de locomoção a bonecos que andavam por muitos e estranhos sítios ao som de uns "Pum, pum, pum... vssittt, vssittt, etc). E então aconteceu... girei o globo e o homem caiu. Fiquei perplexo, voltei a colocar o homem em cima do globo, voltei a rodar o globo e o homem voltou a cair - fiquei aterrado. Olhei para o mundo e imaginei os chineses, de cabeça para baixo, a cairem por esse vazio. Mas... então... coloquei o mundo ao contrário, com a China para cima. Olhei muito sério e fui ter com a minha mãe numa aflição mal contida. Levei-a a ver o mundo, o meu mundo às cores, belo e luminoso, e que de repente me revelara tão grande perigo. Iria acontecer uma grande desgraça? A minha mãe riu-se e eu fiquei secretamente melindrado (e cheio de pena dos chineses porque no mundo verdadeiro eu estava em pé, logo seriam eles a cair). Insisti, de braços estendidos. "Mas as pessoas não estão presas ao chão! E os mares?". Explicações... explicações... mas cá no íntimo, bem no íntimo, eu sofria. Os meus brinquedos foram atenuando o trauma existencial até que, antes de adormecer, já desligava a luz do globo terrestre sem me preocupar com as pessoas que viviam do outro lado do mundo e que afinal, vim a descobrir, não eram só chineses.
Muitos anos depois, no Japão, telefonei para minha mãe. "Mãe estou em pé. Cada um está do outro lado do mundo e nenhum cai". Rimos os dois.
Quanto à Lua. Bom... vai assistindo a estas coisas. Uma boa amiga.


Soares Teixeira

domingo, 19 de julho de 2009

Encompassing the globe. Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII




Até Outubro de 2009 o público pode apreciar no belíssimo Museu Nacional de Arte Antiga a exposição "Encompassing the globe. Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII". Com magníficas peças do MNAA e de outros grandes Museus do mundo esta exposição oferece-nos mais uma oportunidade de sentir e admirar um dos maiores feitos da história da humanidade: Os Descobrimentos Portugueses. Durante duzentos anos muitos se perguntaram por esse mundo fora: "Como são eles capazes?". Ainda hoje causa espanto a forma determinada como Portugal se tornou pioneiro inquestionável e absoluto da globalização.
A não perder.


Soares Teixeira

terça-feira, 14 de julho de 2009

Michael Jackson

Soube pelas notícias que hoje, em Londres, muito público compareceu junto da "The 02 Arena", onde Michael Jackson tinha previsto dar o primeiro dos seus cinquenta concertos. O público foi, o artista não - está morto. Personagem de Tragédia Grega, Michael Jackson voou sobre a infância, voou sobre a adolescência, voou sobre a idade adulta. Lançaram-no ainda pequeno às alturas e ele subiu mais alto ainda, foi subindo, subindo... tão alto que se perdeu dele mesmo. Dizia que era Peter Pan.
Voa Peter Pan, voa, o jardim das estrelas está florido e o mágico desalinho das cores irrompe de todas as alvoradas. Voa Peter Pan, voa, mergulha as mãos nos sonhos que já não te abandonam e vai jogar à bola no parque infantil dos astros. Morde flores, corre na festa dos sorrisos límpidos e desce pelas ramagens das tuas horas. Voa Peter Pan, voa, transborda das pupilas para finalmente seres entre os cometas o que não te deixaram ser entre as pessoas. Voa Peter Pan, voa, e dança na Lua ao som do eco dos que na Terra te celebram.






Soares Teixeira

domingo, 12 de julho de 2009

Henri Fantin-Latour

Até 6 de Setembro a Fundação Gulbenkian tem para nos oferecer uma notável exposição onde se podem apreciar alguns dos mais belos trabalhos do pintor Henri Fantin-Latour. Pintura rigorosa, patente nos vários autoretratos onde é perceptível um estudo de introspecção, nas magíficas naturezas mortas e nalguns retratos de familiares e amigos do artista. Obra serena, ponderada, intimista, e de grande beleza, que muitas vezes nos remete para lá da tela mostrando o que não é vísivel mas se depreende: a personalidade dos retratados. A não perder.




(Henri Fantin-Latour - Autoretrato)



Soares Teixeira

terça-feira, 7 de julho de 2009

Grandeza

Nas calçadas de Lisboa há imagens de uma grandeza difícil de acreditar mas só possível porque houve gente que nunca deixou de ousar.





Soares Teixeira

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Marilyn Monroe

Delicada e explosiva, Marilyn Monroe fustiga tudo à volta apenas com a sua presença de anjo hipnótico e quase ingenuamente perverso. Marilyn não se pode comprar com nenhuma outra mulher. Muitas mulheres tentam-se comparar com ela mas não conseguem. Marilyn era, é, e será, um Ser a nascer do desejo, uma Criatura mansa a despontar de um instinto primordial. Marilyn Monroe - só de vê-la apetece ser feliz.
Marilyn interpretando "I Wanna Be Loved By You" num excerto do filme "Some Like It Hot" relizado em 1959 por Billy Wilder.





Soares Teixeira

sábado, 4 de julho de 2009

O Barco do Barreiro

O Barco do Barreiro marcou uma época e marcou a vida de muita gente, a minha também. Meia hora de travessia entre a Estação do Barreiro e a do Terreiro do Paço, em Lisboa. Nessa meia hora lia-se, estudava-se, fazia-se renda, conversava-se muito. Havia três pisos para os passageiros - o mais inferior, abaixo da linha de água, era quase claustrofóbico. Havia primeira e segunda classe - depois surgiu a classe única. E havia aquele deck no piso superior, na popa do navio, que era a delícia dos turistas. Eu chamava-lhe 'a varanda' - no topo do mastro havia sempre uma gaivota. Nos velhos Barcos dos Barreiro apesar da travessia ser demorada, havia tempo para fazer coisas. Muita gente vestiu camisolas feitas no barco, tirou cursos cujas matérias eram estudadas no barco.
Foi no Barco do Barreiro, numa travessia para Lisboa, que tomei a decisão de me tornar Oficial da Marinha Mercante. O Tejo foi minha testemunha.
A decisão cumpriu-se. Às vezes, por esses oceanos do mundo, sentia-me gaivota poisada no mastro do instante, depois de voar pelo azul que me recebia, como em tempos recebeu aqueles que saíram do país do horizonte; era Portugal a sair do seu peito.
Hoje aqueles barcos já não existem, foram substitudos por outros mais rápidos, onde o tempo quase torna o Tejo uma banalidade. Hoje já não ando embarcado. Hoje as coisas são diferentes. No entanto, aquele barco... aquela gaivota... ainda existem, existem no Tejo da minha saudade. E não só, existem também no Tejo da Língua Portuguesa.



(Fonte: sítio da CP - 150 anos de História, Capítulo 19)


Soares Teixeira

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tratado de Tordesilhas

A 2 de Julho de 1494 Espanha ratificou o Tratado de Tordesilhas. Portugal fá-lo-ia a 5 de Setembro do mesmo ano. De documento que demarcava tarras passou a ser um símbolo que demarca mentalidades: de um lado os que lutam por um Portugal maior e do outro os que ficam dentro dum espírito menor.
D. João II, Rei de Portugal, foi um monarca que colocou uma coroa sobre todos os que escolhem o Portugal maior.








Soares Teixeira

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Automóvel de Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci foi o génio absoluto do Renascimento cuja vastíssima obra não deixa de espantar gerações. Pintor, escultor, anatomista, arquitecto, engenheiro, inventor, Leonardo da Vinci faz-me lembrar aqule estranho Monolito de "2001 Odisseia no Espaço" - a obra de Arthur C. Clarke que Stanley Kubric transformou em filme. Há pessoas que são como esse misterioso testemunho de um Enigma Maior; estão sempre para lá do entendimento - Leonardo era uma delas: elevou a condição a humana acima dos astros, que nos fazem temer e sonhar.
No vídeo abaixo pode ver-se a recriação do seu Automóvel.




Soares Teixeira

terça-feira, 30 de junho de 2009

Tráfego aéreo mundial durante 24 horas

Mas afinal quantos aviões andam pelo ar?, terá já perguntado muita gente. Estes interessantes videos dão uma ideia.

(clicar duas vezes para melhor vizualisação)








Soares Teixeira

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O violino de Hagai Shaham

Arrepiante esta intrepretação de Hagai Shaham. Puro fascínio à solta.




Soares Teixeira

domingo, 28 de junho de 2009

RMS Queen Mary

Um dos mais belos navios onde estive. Há um muito bom par de anos andava eu a dar a volta ao mundo quando em Longh Beach fui visitar esta magnificente jóia, glória absoluta dos mares. Repousa numa lagoa artificial como um gigante que se faz admirar. Além de hotel o Queen Mary alberga ainda numerosos museus onde podemos ver como foi a vida deste prodigioso navio que transportou algumas das figuras mais ilustres do seu tempo bem como milhares de soldados americanos para combaterem na II Guerra Mundial.




Soares Teixeira

sábado, 27 de junho de 2009

Serra do Caramulo

E a cabeça do Cão emergiu da Terra...
Talvez o seu olhar se detenha nas asas dos pássaros aguardando pelo dia do prodígio; aquele em que o céu seja rasgado pela ave que lhe devolva a liberdade.





Soares Teixeira

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nona Sinfonia de Beethoven

Viena, 7 de Maio de 1824, Kärntnertortheater. Caroline Unger não detém um ímpeto que lhe irrompe do fundo da alma, e avança. O momento é de triunfo absoluto, mas também de constrangimento. À sua frente glória e tragédia habitam no homem que não pára de gesticular; um homem acorrentado ao silêncio; um homem mergulhado na música com que ilumina o mundo. A cantora coloca-lhe as mãos nos ombros. Confuso o homem pára os seus movimentos. Silêncio, sempre o silêncio. O homem olha para a cantora, depois para o maestro, depois para a orquestra. Porque não tocam? Compreende imediatamente. A sinfonia tinha terminado; o maestro não respeitara a sua regência – adiantara-se. Ou teria sido ele que se atrasara nalguns compassos? Cada som nascera do seu cérebro, ele melhor do que ninguém sabia o que estava a dar ao mundo e no entanto… aquele silêncio atroz que o impedia de comunicar com os músicos, de controlar uma orquestra; aquele silêncio que o dilacerava, que o punha à margem da sociedade, que o envergonhava. Estivera a ali, no palco, ao lado do maestro, regendo também, regendo a música que ele próprio havia composto, guiando-se pela sua própria partitura, e no entanto… aquele embaraço. O olhar terno, tenso e comovido de Caroline Unger abraça-o e o homem deixa-se guiar pelas suas mãos e volta-se para o público. Há lenços no ar, agitam-se chapéus, muitas mãos a baterem uma na outra, braços que agitam, bocas que se mexem, algumas pessoas levam os dedos aos olhos. Silêncio. Um sucesso. O maestro Michael Umlauf, que ordenara à orquestra e ao coro que não seguissem as indicações daquele homem genial mas completamente surdo, lança um sorriso de aprovação a Caroline. O homem agradece ao público o apreço pela sua música. Silêncio. Silêncio. O ruído na sala é ensurdecedor. E quanto mais ensurdecedor mais dramático, porque aquele público que de pé o ovaciona sabe que o homem deixou de ouvir há já muitos anos. E quanto mais dramático mais vibrante, mais frenético, mais expansivos os gestos. Silêncio. As ovações sucedem-se e parecem não ter fim. Silêncio. O homem agradece. O prodígio da sua música torna-o quase irreal aos olhos do público. “Como é possível?”, perguntam todos no seu íntimo, e a ausência de resposta faz tremer todo o teatro. O homem sente as tábuas do palco vibrarem debaixo dos pés. Nenhum som, silêncio, silêncio, silêncio. Um contínuo mar de silêncio num cérebro fervilhante de música.
Viena, 7 de Maio de 1824, Kärntnertortheater – é estreado um dos maiores monumentos musicais de todos os tempos. Doente, profundamente solitário, quase vencido pelo destino Beethoven entrega ao Tempo um prodigioso e inigualável hino à esperança e à fraternidade: a Nona Sinfonia.





No vídeo abaixo, excerto do filme "Immortal Beloved",(1994), do realizador Bernand Rose, uma belíssima recriação da estreia da Nona Sinfonia. Apesar de alterar um pouco o registo histórico do que foi a presença em palco do Grande Génio dá uma ideia da comoção que terá irradiado de Beethoven e da sua Nona Sinfonia para os músicos e para o público - e para a eternidade.







Há precisamente um ano estiveste comigo num momento particularmente duro. Obrigado Beethoven.


Soares Teixeira

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Joana D'Arc

O anjo mensageiro da luz astral
Concede uma gota de divindade
À jovem, intacta de humanidade,
E na atmosfera nasce um vitral

Com o seu longo olhar primordial
Lança ígneas pétalas de vontade
Sobre a serena incredulidade
Da que se está a tornar imortal

O ardor do destino cresce e devora
A límpida e sagrada juventude
Da mártir impregnada de desígnio

O sonho de criança vai embora
E, consagrada à luta e à virtude,
Já sente na vitória o seu declínio


Soares Teixeira
Nota: Este poema, com o título "Joana D'Arc", foi inspirado na aguarela abaixo reproduzida
(clicar na imagem para ampliar)
Um Anjo em Casa - Figueiredo Sobral

quarta-feira, 24 de junho de 2009

As Gotas do Príncipe Rupert

Personalidade forte e de múltiplos talentos o Príncipe Rupert do Reno descobriu no século XVII as célebres gotas que vieram a ganhar o seu nome. E que gotas são essas? Ao entornar vidro derretido na água fria a rápida solidificação provoca com que o material adquira fortes tensões internas distribuidas de uma forma extremamente peculiar. Batendo com um martelo no lado bojudo das gotas ou mesmo comprimindo-as fortemente com um alicate elas não se quebram. Contudo uma pequena fractura na zona mais fina leva a que no mesmo instante a gota praticamente se pulverize.








Soares Teixeira

terça-feira, 23 de junho de 2009

Eu

Mar. Trabalho, festa. Tempo.





JV/ST

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Porche Panamera

Ei-lo, o novíssimo e fantástico Porche Panamera na sua apresentação no 94º andar do Shanghai World Financial Center, antecedendo a presença no Shangai Motor Show.
Com este modelo a Porche joga uma cartada muito alta. A acrobática ascenção do Panamera quase ao topo de um dos mais emblemáticos edifícios da China reveste-se de um simbolismo marcante. Magnífico. Tecnologia e arte em estado puro e de mãos dadas - desde o sonho em criar o projecto até ao sonho de quem deseja um Panamera.





Soares Teixeira

domingo, 21 de junho de 2009

Pôr do Sol no Estreito dos Dardanelos

Dardanelos - Çanakkale - comigo dentro de água. Um lugar onde ainda paira o olhar de Xerxes e Alexandre.




Soares Teixeira

sábado, 20 de junho de 2009

De balão na Capadócia



(clicar nas fotos abaixo para ampliar)




(para ver fotos no WorldTurkey sobre a Capadócia clicar neste sítio)

Soares Teixeira

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Museu Arqueológico de Istambul

No imenso e fabuloso Museu Arqueológico de Istambul podem ser vistos incontáveis tesouros da Antiguidade. Destaco o Sarcófago de Alexandre (assim chamado porque Alexandre o Grande é representado nalgumas cenas). De acordo com informação disponível no local trata-se do sarcófago de um Rei de Sidon de nome Abdalonymos.
É em mármore e data do último quartel do séc IV AC.


(clicar nas fotos para ampliar)






Soares Teixeira

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Istambul

Istambul, uma das mais fabulosas cidades do mundo, um dos locais onde o tempo mais nos observa. Fá-lo duma montanha íngreme, plena de segredos densos. Istambul - tragédia e esplendor, nostalgia e encanto.
Tirei esta fotografia ontem à noite. Contemplava Santa Sofia levado pelo olhar ao encontro da magia do instante.





Soares Teixeira

domingo, 31 de maio de 2009

O Abraço da Árvore

Rodeado de verde deixei-me abraçar por uma árvore que me ergueu aos céus como uma mãe ergue um filho.
Agradeci-lhe com uma fotografia.



Soares Teixeira

terça-feira, 26 de maio de 2009

Montagem do motor de um carro

Admirável esta animação sobre a montagem e funcionamento do motor de um automóvel.






E admirável também este requinte absoluto da tecnologia.





Soares Teixeira

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Torre Vasco da Gama

Admirável símbolo da EXPO 98 - acontecimento maior à altura de um país maior - a Torre Vasco da Gama aqui fotografada na plenitude da sua elegância. Colado a ela está a nascer o Torre Vasco da Gama Royal Hotel.


Soares Teixeira

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Maria João Pires

Maria João Pires nasceu para o absoluto, para ser fantástica dentro da alma das partituras.


António Gedeão

Uma preciosidade. António Gedeão, um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, autor de "Pedra Filosofal" aqui a dizer "Poema para Galileu". António Gedeão era o pseudónimo literário de Rómulo de Carvalho, grande pedagogo, investigador, historiador e professor de Físico-Química. Um homem que via poesia a florescer da ciência.





Soares Teixeira

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Noite Estrelada, Vincent Van Gogh

Bela, envolvente, plena, eterna, a noite guarda olhares e desejos. Medo, saudade, inquietação também. E também o espírito e os dedos do espírito, estendidos ao mais além. Também guarda estrelas. Às vezes pergunto-me se entre aquilo que guarda estará o compasso dos meus instantes.
Vincent, creio que uma destas estrelas és tu, guardado por ti mesmo, dentro de ti mesmo.




Fonte da imagem

Salão Automóvel de Lisboa, 2008










Soares Teixeira

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Autoretrato: Folha Guardada em Sombra Azul

Maio 2009. Verde. O azul não se vê, mas está lá, na luz. Vi uma folha na erva e resolvi guardá-la na minha sombra, dentro do bolso direito - o outro estava cheio com a carteira e as chaves do carro. Não me lembro o que levava vestido; não importa. O que me lembro é que me enchi de céu, depois baixei o olhar para o chão e guardei uma folha no bolso. Aquela sombra é azul.





Soares Teixeira

domingo, 10 de maio de 2009

Feira do Livro


Há livros que são quase seres humanos. Há livros que nos tornam mais humanos. Há seres humanos que são quase livros. Há seres humanos que nos tornam mais livro, mais biblioteca, mais horizonte. Hoje, na Feira do Livro, ao olhar para os stands das editoras e para as pessoas, senti isso mesmo. Havia festa nos olhares e nos gestos. As pessoas olhavam contentes para os livros e o simples pegar neles era um acto de felicidade. Os livros também me pareceram bastante felizes por poderem ver tanta gente e tocar em tantas mãos. Quando cumprimentei Luís Sepúlveda, depois de ele me ter autografado uma das suas obras, senti brotarem-me palavras nas pupilas. Enquanto observava Malangatana fazendo um desenho num livro que lhe pedi para autografar sentia-me na cauda dos gestos do Mestre. Quando encontrei amigos falámos a sorrir, como quem abre páginas no peito, e com isso se sente mais humano. É bom este sentimento e nem sequer pensar porquê. Civilização.


Soares Teixeira

sábado, 9 de maio de 2009

Eça de Queirós, "A Relíquia"



Hoje lembrei-me da titi. Sim, da tia Patrocínio. Escura, descarnada, beata do primeiro ao último neurónio, lá estava ela junto do seu riquíssimo oratório, quase desfalecendo de emoção. O sobrinho Teodorico, antevendo-se já herdeiro da insuportável e temível velha, solenemente anunciara que lhe havia trazido de Jerusalém… a coroa de espinhos. Exactamente! Essa mesmo! A santa coroa de espinhos que os algozes de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe colocaram sobre a cabeça para sua maior humilhação e padecimento. A santa coroa dentro dum pequeno caixote de madeira feito com… os pregos da Arca de Noé. Quase consegui ver os dedos secos da criatura, tentaculares, a tremer de comoção, desfazerem o laço do embrulho que estava dentro da caixa e depois erguerem – para horror geral, e nosso deleite – a camisa de dormir da Mary. Quase consegui ver o semblante petrificado de Teodorico, incrédulo, sem nada que o pudesse amparar naquele mergulho pelos abismos. Que vontade de lhe estender a mão, de o felicitar pelos momentos de prazer com a bela Mary, e sair com ele dali para fora, para o mundo, deixando a titi a esvair-se em ais de incenso e cólera. Ah Eça dá cá um abraço!
Soares Teixeira

terça-feira, 5 de maio de 2009

"HÁ PALAVRAS PESADAS MAS URGENTES" - Soares Teixeira

Há palavras pesadas mas urgentes
Como estátuas submersas
Que têm de se erguer das profundezas
Para ocupar lugares esquecidos

Há palavras que têm de sair da cripta
Húmida e escura onde jazem
Imersas em silêncio
E cobertas por pálpebras de pedra

Há palavras que devem
Rasgar distâncias
Iluminando as agrestes penedias
Onde a ave do medo faz o ninho

Há palavras que são sementes
À espera de um dia
Crescerem em lábios
Secos de humanidade



Soares Teixeira

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Portugal


Dom Afonso Henriques - 1.º Rei de Portugal






Certidão de Nascimento de Portugal: Bula Manifestis Probatum 



Zona Económica Exclusiva de Portugal


Fonte: Atlas de Portugal













E, se mais Mundo houvera, lá chegara
Os Lusíadas , Canto VII estância XIV
Tejo






Soares Teixeira


O Peixe Vermelho

Tirei esta fotografia em Abril de 2008, em Sevilha, no Real Alcazar. Era altura de Feira. Estava um dia cinzento. Havia muitas nuvens no céu, e em mim porque me doía uma perna. Sentei-me à beira de um lago. De repente reparei que entre as nuvens andava... um peixe vermelho.




Soares Teixeira

sábado, 2 de maio de 2009

The Band Wagon - Fred Astaire e Cyd Charisse

Em 1953 Vincente Minnelli dirige "The Band Wagon". Esta é uma cena de que particularmente gosto. Fred Astaire e Cyd Charisse, absolutamente insuperáveis. Uma vertigem de talento e... pernas!


sexta-feira, 1 de maio de 2009

Casa da Máquina - Elisabeth Knutsen

Muitas vezes me perguntaram como era a Casa da Máquina, como era o Mar, as viagens, os portos, como era aquele mundo. Eis uma amostra.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"PROCUREM-ME" - Soares Teixeira


Procurem-me na Primavera de cada instante
No verde
No amarelo
No azul
Numa gota de água
Procurem-me no vento
Entre as nuvens
Procurem-me também
No vulcão
No mar revolto
Na tempestade
Só não me procurem
Aqui
Aqui onde estou
Porque ando em viagem


Soares Teixeira

sábado, 25 de abril de 2009

"ACREDITA QUE É POSSÍVEL" - Soares Teixeira


Acredita que é possível
Saíres de dentro da esfera
E respirares uma cor diferente
Daquela que te mantém num sono forçado

Acredita que é possível
Descobrires a fórmula
Que transforma muros em caminhos
E sombra em epopeia

Acredita que é possível
Espantares-te
Com a luz que em ti habita
E com o navio que não sabias ser

Acredita que é possível
Ires para lá do lugar consentido
E descobrires uma ilha
À espera da tua surpresa



Soares Teixeira

terça-feira, 21 de abril de 2009

"AVENTURA PORTUGUESA" - Soares Teixeira


Entrou-nos na alma o som do mar
E fomos porque era forte o chamamento
Tinha a força de um encantamento
O azul que nos fazia sonhar

Na praia a espuma vinha-nos contar
Que lá longe, também nesse momento,
Alguém estava a perguntar ao vento
O que haveria para lá de tanto mar

Levados pela vontade de ir mais além
Fomos juntar as mãos da Humanidade
Abrindo os caminhos da descoberta

Contámos ao mundo o que o mundo tem
Sempre longe, ao portado da saudade,
Mas ao lado das aves, de alma liberta



Soares Teixeira

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bernard, Susan e Amy

Sem que o mundo pudesse suspeitar Bernard Madoff, de aspecto imaculado, reputação intocável e, para muitos, príncipe da finança, era um vigarista sem quaisquer escrúpulos. Sem que o mundo pudesse suspeitar Susan Boyle, com aspecto de caricata matrafona, era senhora de uma voz extraordinária. Dois choques. Este é o grande Teatro do Mundo. Madoff irá apodrecer na prisão – longa vida. Para Susan Boyle, longa vida também, e que cante, que cante muito, para nosso encanto (e quanto ao seu aspecto, sim… uns retoques, se bem que - aqui para nós – mesmo como está, comparada com Amy Whinehouse é uma aristocrata).

http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo

Soares Teixeira

domingo, 19 de abril de 2009

"VIVER" - Soares Teixeira


Viver
Uma passagem?
Uma miragem?
Aquilo que se quiser?

Jamais hei-de compreender
Esta viagem
Esta voragem
De tempo a acorrer

Tudo passa
Tudo tem um fim
Tudo se está a esvair

E sempre a ameaça
De não voltar a saber de mim
No dia em que o pano cair


Soares Teixeira

quinta-feira, 16 de abril de 2009

"O PÁSSARO" - Soares Teixeira


Quando eu for matéria inerte
A memória dos meus dias
Flutuará algures
Em páginas fechadas
Como uma flor de lótus
Em lago de águas paradas

Ficarei contente
Lá onde estiver
Se uma suave brisa
Soprar sobre o esquecimento
E do verde da esperança que tive
Um pássaro surgir


Soares Teixeira

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"ALGURES" - Meus Poemas


Algures
Num lugar
Sem fim
Todo ele meio
Sem pontas
Existe um mistério
Por desvendar
Pode estar aqui
Ali
Em qualquer lado
Nesse lugar
Sem fim
Todo ele meio
Sem pontas
Que existe
Lá fora
E também
Dentro de mim


Soares Teixeira

terça-feira, 14 de abril de 2009

"FAÇO PARTE DA EQUAÇÃO" - Soares Teixeira



Faço parte da equação
Da Criação
E algures
No Universo
Oceano onde estou imerso
Sou voz que se confunde
No meio de todos nós
Sou verdade
Sou engano
Sou humano


Soares Teixeira

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"A MÓ" - Soares Teixeira


Pesada a mó
Com que o nosso algoz
Atroz
Nos reduz a pó

Tão só
A voz
De cada um de nós
Mete dó

Poder nefando
Que nos junta
E decompõe

Até quando?
É a pergunta
Que se impõe


Soares Teixeira

domingo, 12 de abril de 2009

"RASTO DE COMETA" - Soares Teixeira


Imagino ser rasto de cometa
Desenhado no espaço sideral
Ou onda banhando o litoral
De uma ilha ainda secreta

Penso ser o zumbido de uma seta
Disparada por um ser irreal
Alguém de pontarial genial
Talvez um anjo, talvez um poeta

Enquanto o tempo me consentir
Enquanto tiver forças para isso
Serei espírito voando p'lo espaço

E na minha barca estrelar eu hei-de ir
Por aí fora, entregue ao feitiço
De ser do Universo... um pedaço


Soares Teixeira