terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
ROMANCE DE UM FILHO DE UM EMIGRANTE - MENDES DE CARVALHO - SOARES TEIXEIRA
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
OS LUSÍADAS - LUÍS DE CAMÕES - COMPLETO - SOARES TEIXEIRA
domingo, 1 de dezembro de 2024
DECLARAÇÃO DE AMOR - ANTÓNIO GEDEÃO - SOARES TEIXEIRA
Declaração de Amor
Excita-me a tua presença, ó Árvore – ó Árvores todas!
Desejo-te (desejo-vos) como se fosses Carne, e eu Desejo.
Como se eu fosse o vento que preside às tuas bodas,
e te cicia em redor, e te fecunda num aliciante beijo.
Ponho os olhos em ti e entretenho-me a pensar que sou mãos,
todo mãos que te envolvem o tronco e te sacodem convulsivamente.
Requebras-te com volúpia, e os teus emaranhados cabelos louçãos
fustigam o ar como látegos, com toda a força que este amor me consente.
Ó Árvore minha débil! Ó prazer dos meus olhos extáticos!
Ó filtro da luz do Sol! Ó refresco dos sedentos!
Destila nos meus lábios as gotas dos teus ésteres aromáticos,
unge a minha epiderme com teus macios unguentos.
Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore! Diz-me a que segredos recorres
para te desenrolares em flores e em frutos num cíclico desvario.
Porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres,
e aceitas sempre o Amor com renovado cio.
Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes.
Ensina-me a transformar um raio de Sol em suculenta carnadura,
e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes,
prolongando o teu ser no ar que te emoldura.
É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza.
É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente.
É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza.
Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!
António Gedeão (1906-1997), in “Máquina de fogo”, 1961
quinta-feira, 8 de agosto de 2024
ALMA MINHA GENTIL QUE TE PARTISTE - LUÍS DE CAMÕES - SOARES TEIXEIRA
ALMA MINHA GENTIL, QUE TE PARTISTE
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
LUÍS DE CAMÕES
quinta-feira, 18 de julho de 2024
APENAS MIÚDOS - PATTI SMITH - SOARES TEIXEIRA
Leitura expressiva de parte do Primeiro Capítulo do livro "APENAS MIÚDOS", de Patti Smith
sábado, 29 de junho de 2024
O PAI - ADÉLIA PRADO - SOARES TEIXEIRA
Deus não fala comigo
nem uma palavrinha das que sussurra aos santos.
Sabe que tenho medo e, se o fizesse,
como um aborígine coberto de amuletos
sacrificaria aos estalidos da mata;
não me tirasse a vida um tal terror.
A seus afagos não sei como agradecer,
beija-flor que entra na tenda,
flor que sob meus olhos desabrocha,
três rolinhas imóveis sobre o muro
e uma alegria súbita,
gozo no espírito estremecendo a carne.
Mesmo depois de velha me trata como filhinha.
De tempestades, só mostra o começo e o fim.
Adélia Prado
terça-feira, 21 de maio de 2024
O POETA, MANUEL ALEGRE - SOARES TEIXEIRA
Seus pulsos estão abertos e a vossa boca bebeu
o sangue puro de uma vida.
Que mais quereis de um homem?
Vós não podeis roubar-lhe esse luar na alma.
Vós não podeis mais nada. É um homem a cantar
Um homem que sorriu aos tambores noturnos
dos vossos cárceres depois cantou
de pé no seu poema.
vossas palavras cheias de fantasmas.
Nada podeis. O medo nunca pôde nada.
Vós não podeis despir um homem que está nu.
ele fará na própria dor um filho mais robusto
porque ele é pai de alegria
ele povoa a solidão de raparigas
as suaves raparigas que trazem no ventre
a cidade dos homens.
e os mortos-vivos que recitam os parágrafos
do livro das sentenças.
um homem que está nu com todos os seus músculos
a soluçar numa guitarra destroçada
e todavia iluminada e viva.
Um homem que sorriu aos tambores noturnos
dos vossos cárceres depois cantou
de pé no seu poema.
É um homem que merece a poesia.
in, "Praça da Canção"
domingo, 12 de maio de 2024
25 ABRIL 50 ANOS 50 POETAS - SOARES TEIXEIRA
domingo, 10 de março de 2024
LIVRE - SOARES TEIXEIRA
LIVRE
e tudo se resume ao som de um sino
que se afasta
deixando para trás
relâmpagos de folhas amarelas,
violinos em fim de tarde
e praias com cada vez menos
conchas de sonhos
de uma fogueira marítima,
acesa no íntimo das horas,
chamam-me aves incandescentes
para que a elas me junte
à conquista de nuvens que são ilhas
onde promontórios aguardam
pássaros com nascentes no olhar
e vou, naturalmente,
sem relógios dentro crânio
ou sombras no peito
vou, apenas,
livre
terça-feira, 6 de fevereiro de 2024
'MOTIVO' - CECÍLIA MEIRELES
“Motivo”
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
domingo, 5 de novembro de 2023
"SER POETA"- FLORBELA ESPANCA
domingo, 29 de outubro de 2023
"ALL YOU NEED IS ART - 2023" - CORDOARIA NACIONAL
Este ano no evento "All you need is Art", que decorreu na Cordoaria Nacional entre 27 e 29 de Outubro, dedicado à Poetisa Florbela Espanca, participei dia 28, como Artista, através da leitura de poemas da notável escritora. Voltei a dizer poesia dia 29, numa ocasião de carácter não programado. As minhas intervenções mereceram amplos elogios. O "All you need is Art" foi um evento em que, a par da presença de vários artistas plásticos e suas obras, a música, a moda e a poesia tiveram igualmente lugar, mostrando que as Artes podem e devem estar unidas e ser exemplo maior de diversidade e fraternidade.
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
VIDA E OBRA DE AUGUSTO GIL NA VOZ DE SOARES TEIXEIRA
sábado, 9 de setembro de 2023
"SONETOS ROMÂNTICOS", NATÁLIA CORREIA
Sobre Natália Correia:
sábado, 24 de junho de 2023
"CÂNTICO DO PAÍS EMERSO" - NATÁLIA CORREIA
Celebra-se este ano o centenário do nascimento da Grande Natália Correia. Uma mulher que era, é, e será, um farol - Aqui deixo o seu 'Cântico do País Emerso' (completo), dito por mim.
Sobre Natália Correia:
https://aeuropafaceaeuropa.ilcml.com/...
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nat%C3%...
sábado, 10 de junho de 2023
SOBRE A MINHA LEITURA DE 'OS LUSÍADAS'
Para a minha leitura expressiva de “Os Lusíadas “, de Luís de Camões, que está no meu canal do Youtube, segui a edição Princeps de 1572, disponibilizada no sítio da Biblioteca Nacional Digital e que acompanha a leitura, guiei-me também pela Edição Crasbeeck de 1613, comentada por Manoel Correa e disponibilizada no sítio da Biblioteca Nacional Digital, pela Edição Anotada de Francisco Sales Lencastre, Livraria Clássica Editora, 1927, disponibilizada na Internet, pela Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos para a Porto Editora e pela edição do Instituto Camões, com Leitura, Prefácio e notas de Álvaro Júlio da Costa Pimpão.
Para esta leitura, de permanentes e exigentíssimos desafios, não contei com qualquer apoio. Desde o primeiro instante que senti a colossal responsabilidade e risco que seria fazer o que me propunha, num texto ímpar, de transcendente beleza, complexidade e importância. Estive sempre só e muitas vezes a leitura era uma total vivência das palavras, com grande carga emocional, posso mesmo dizer que estive dentro da Epopeia e para isso contribuiu em muito o facto de eu ter sido Oficial da Marinha Mercante. Sei o que é o mar, fui à Índia contornando a África – recordo a tremenda tempestade no Cabo da Boa Esperança – atravessei o Índico e andei por lugares e entre gentes que a cada segundo me espantavam. Descobri, descobri-me, e nas palavras do Grande génio universal – do trabalhador! – Luís de Camões, recolho força para continuar viagens e descobertas pessoais. Sinto que fiquei aquém, na minha tentativa de ir ao encontro de Camões – nunca o quis trazer para mim, eu é que tive – e tenho – a obrigação de ir ter com ele, que é passado, presente e futuro. ‘Os Lusíadas’ tornaram-se no livro da minha vida, um ‘lugar’ onde se entra e de onde não se consegue sair, porque o espanto e a maravilha, são intermináveis. Neste 10 de Junho de 2023 digo: Obrigado Luís de Camões.
Soares Teixeira
quinta-feira, 18 de maio de 2023
"OS LUSÍADAS", CANTO X - LUIS DE CAMÕES
Canto X
Depois dos marinheiros lusos terem satisfeito os seus
primeiros apetites dirigem-se ao palácio de Thetys onde lhes é oferecido um
grande banquete no qual a Sirena profetiza os feitos lusitanos no Oriente.
Camões volta a recorrer ao artifício da profecia para contar o que ocorreu
entre o passado (1498, ano da descoberta do caminho marítimo para a Índia), e o
presente (o tempo em que o poema foi escrito). São enaltecidos os heróis
Portugueses. Episódio da Máquina do Mundo. Thetys faz mais profecias sobre os Portugueses.
A frota deixa a Ilha dos Amores. Chegada a Portugal. Epílogo, onde Camões
reforça a dedicatória a Dom Sebastião.
"OS LUSÍADAS", CANTO IX - LUÍS DE CAMÕES
Canto IX
Os ‘infiéis’ fazem com que os mercadores nada comprem aos dois feitores portugueses e prendem-nos, com o propósito de deter os portugueses na cidade, até que de Gidá cheguem as naus muçulmanas que todos os anos vão comprar especiaria e destruam as portuguesas. Monçaide avisa Vasco da Gama da intenção dos mouros e do grande perigo que corre a frota lusa com a chegada eminente da forte frota muçulmana. O Samorim manda libertar os feitores e suas fazendas. A frota parte de regresso, levando, forçados alguns Malabares. Episódio da Ilha dos Amores. Exortação de Camões aos que anseiam por imortalizar o seu nome.