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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

ALMA MINHA GENTIL QUE TE PARTISTE - LUÍS DE CAMÕES - SOARES TEIXEIRA

 



ALMA MINHA GENTIL, QUE TE PARTISTE


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

LUÍS DE CAMÕES




quinta-feira, 18 de julho de 2024

APENAS MIÚDOS - PATTI SMITH - SOARES TEIXEIRA

 

Leitura expressiva de parte do Primeiro Capítulo do livro "APENAS MIÚDOS", de Patti Smith





'APENAS MIÚDOS', de Patti Smith, é o fascinante retrato de uma época e uma tocante história de dois jovens - Patti Smith e Robert Mapplethorpe - com grande cumplicidade de sonhos e lutas.


sábado, 29 de junho de 2024

O PAI - ADÉLIA PRADO - SOARES TEIXEIRA



O PAI

Deus não fala comigo
nem uma palavrinha das que sussurra aos santos.
Sabe que tenho medo e, se o fizesse,
como um aborígine coberto de amuletos
sacrificaria aos estalidos da mata;
não me tirasse a vida um tal terror.
A seus afagos não sei como agradecer,
beija-flor que entra na tenda,
flor que sob meus olhos desabrocha,
três rolinhas imóveis sobre o muro
e uma alegria súbita,
gozo no espírito estremecendo a carne.
Mesmo depois de velha me trata como filhinha.
De tempestades, só mostra o começo e o fim.

Adélia Prado

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Biografia de Adélia Prado:
Adélia Luzia Prado de Freitas (Divinópolis, 13 de dezembro de 1935) é uma poetisa, professora, filósofa, romancista e contista, ligada ao Modernismo. Considerada a maior poetisa viva do Brasil.
Sua obra retrata o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico, uma das características de seu estilo único. Em 1976, enviou o manuscrito de Bagagem para Affonso Romano de Sant'Anna, que assinava uma coluna de crítica literária no Jornal do Brasil. Admirado, acabou por repassar os manuscritos a Carlos Drummond de Andrade, que incentivou a publicação do livro pela Editora Imago em artigo do mesmo periódico.
Professora por formação, ela exerceu o magistério durante 24 anos, até que a carreira de escritora tornou-se a atividade central. Em termos de literatura brasileira, o surgimento da escritora representou a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser pensante, tendo-se em conta que Adélia incorpora os papéis de intelectual e de mãe, esposa e dona-de-casa.
Em 2024, tornou-se a terceira escritora brasileira (e primeira escritora mineira) a vencer o prêmio Camões em 35 anos.

Fonte dos elementos biográficos de Adélia Prado:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ad%C3%A9lia_Prado

 


terça-feira, 21 de maio de 2024

O POETA, MANUEL ALEGRE - SOARES TEIXEIRA

 




“O POETA”
 
Ele aprendeu o preço exato da canção.
Seus pulsos estão abertos e a vossa boca bebeu
o sangue puro de uma vida.
Que mais quereis de um homem?
Vós não podeis roubar-lhe esse luar na alma.
Vós não podeis mais nada. É um homem a cantar
Um homem que sorriu aos tambores noturnos
dos vossos cárceres depois cantou
de pé no seu poema.
 
Vinde com vossas leis e vossas máscaras
vossas palavras cheias de fantasmas.
Nada podeis. O medo nunca pôde nada.
Vós não podeis despir um homem que está nu.
 
Pendurai-lhe no sexo uma coroa de espinhos
ele fará na própria dor um filho mais robusto
porque ele é pai de alegria
ele povoa a solidão de raparigas
as suaves raparigas que trazem no ventre
a cidade dos homens.
 
Vinde com vossas máscaras e vossos tribunais
e os mortos-vivos que recitam os parágrafos
do livro das sentenças.
 
Vós não podeis mais nada. É um homem a cantar
um homem que está nu com todos os seus músculos
a soluçar numa guitarra destroçada
e todavia iluminada e viva.
Um homem que sorriu aos tambores noturnos
dos vossos cárceres depois cantou
de pé no seu poema.
 
Vós não podeis mais nada.
É um homem que merece a poesia.
 
 
Manuel Alegre
in, "Praça da Canção"




domingo, 12 de maio de 2024

25 ABRIL 50 ANOS 50 POETAS - SOARES TEIXEIRA

 



25 ABRIL 50 ANOS 50 POETAS - Minha homenagem aos 50 anos do 25 de Abril, a Salgueiro Maia, à Liberdade, à Diversidade, à Poesia. Também a Luís de Camões, nos 500 anos do seus nascimento.


domingo, 10 de março de 2024

LIVRE - SOARES TEIXEIRA

 



LIVRE
 
O tempo passa
e tudo se resume ao som de um sino
que se afasta
deixando para trás
relâmpagos de folhas amarelas,
violinos em fim de tarde
e praias com cada vez menos
conchas de sonhos
 
No entanto,
de uma fogueira marítima,
acesa no íntimo das horas,
chamam-me aves incandescentes
para que a elas me junte
à conquista de nuvens que são ilhas
onde promontórios aguardam
pássaros com nascentes no olhar
 
E eu visto-me de azul
e vou, naturalmente,
sem relógios dentro crânio
ou sombras no peito
vou, apenas,
livre
 
 
Soares Teixeira 



terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

'MOTIVO' - CECÍLIA MEIRELES

 



“Motivo”

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles



domingo, 5 de novembro de 2023

"SER POETA"- FLORBELA ESPANCA

 


SER POETA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

domingo, 29 de outubro de 2023

"ALL YOU NEED IS ART - 2023" - CORDOARIA NACIONAL

 

SOARES TEIXEIRA
 

Este ano no evento "All you need is Art", que decorreu na Cordoaria Nacional entre 27 e 29 de Outubro, dedicado à Poetisa Florbela Espanca, participei dia 28, como Artista, através da leitura de poemas da notável escritora. Voltei a dizer poesia dia 29, numa ocasião de carácter não programado. As minhas intervenções mereceram amplos elogios. O "All you need is Art" foi um evento em que, a par da presença de vários artistas plásticos e suas obras, a música, a moda e a poesia tiveram igualmente lugar, mostrando que as Artes podem e devem estar unidas e ser exemplo maior de diversidade e fraternidade.


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

VIDA E OBRA DE AUGUSTO GIL NA VOZ DE SOARES TEIXEIRA

 

Soares Teixeira


AUGUSTO GIL


Agradeço a Luís Cunha e à Cooperativa Cultural Popular Barreirense o convite para a sessão de hoje, intitulada 'Vida e Obra de Augusto Gil na voz de Soares Teixeira'. Foi muito agradável. Li em pé, sentado, a andar, mexi-me, remexi-me, contei histórias, falei com o público, respondi a perguntas, fiz perguntas. enfim, um momento descontraído de partilha da palavra de Augusto Gil, que terminou com um extra não programado: um passeio até ao dia - há quarenta e nove anos! - em que eu naquela rua obtive um postal com o poema 'Declaração de amor', de A. Gedeão, que me fez descobrir caminhos desconhecidos na poesia, e que hoje li.




sábado, 9 de setembro de 2023

"SONETOS ROMÂNTICOS", NATÁLIA CORREIA

 

Sonetos Românticos







Celebra-se em 2023 o centenário do nascimento da Grande Natália Correia. Uma mulher que era, é, e será, um farol. Aqui deixo os seus "Sonetos Românticos" (completo), dito por mim.




sábado, 24 de junho de 2023

"CÂNTICO DO PAÍS EMERSO" - NATÁLIA CORREIA

 

CÂNTICO DO PAÍS EMERSO





 

Celebra-se este ano o centenário do nascimento da Grande Natália Correia. Uma mulher que era, é, e será, um farol - Aqui deixo o seu 'Cântico do País Emerso' (completo), dito por mim.


Sobre Natália Correia:  

https://aeuropafaceaeuropa.ilcml.com/...  

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nat%C3%...



sábado, 10 de junho de 2023

SOBRE A MINHA LEITURA DE 'OS LUSÍADAS'

 


Para a minha leitura expressiva de “Os Lusíadas “, de Luís de Camões, que está no meu canal do Youtube, segui a edição Princeps de 1572, disponibilizada no sítio da Biblioteca Nacional Digital e que acompanha a leitura, guiei-me também pela Edição Crasbeeck de 1613, comentada por Manoel Correa e disponibilizada no sítio da Biblioteca Nacional Digital, pela Edição Anotada de Francisco Sales Lencastre, Livraria Clássica Editora, 1927, disponibilizada na Internet, pela Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos para a Porto Editora e pela edição do Instituto Camões, com Leitura, Prefácio e notas de Álvaro Júlio da Costa Pimpão. 

Para esta leitura, de permanentes e exigentíssimos desafios, não contei com qualquer apoio. Desde o primeiro instante que senti a colossal responsabilidade e risco que seria fazer o que me propunha, num texto ímpar, de transcendente beleza, complexidade e importância. Estive sempre só e muitas vezes a leitura era uma total vivência das palavras, com grande carga emocional, posso mesmo dizer que estive dentro da Epopeia e para isso contribuiu em muito o facto de eu ter sido Oficial da Marinha Mercante. Sei o que é o mar, fui à Índia contornando a África – recordo a tremenda tempestade no Cabo da Boa Esperança – atravessei o Índico e andei por lugares e entre gentes que a cada segundo me espantavam. Descobri, descobri-me, e nas palavras do Grande génio universal – do trabalhador! – Luís de Camões, recolho força para continuar viagens e descobertas pessoais. Sinto que fiquei aquém, na minha tentativa de ir ao encontro de Camões – nunca o quis trazer para mim, eu é que tive – e tenho – a obrigação de ir ter com ele, que é passado, presente e futuro. ‘Os Lusíadas’ tornaram-se no livro da minha vida, um ‘lugar’ onde se entra e de onde não se consegue sair, porque o espanto e a maravilha, são intermináveis. Neste 10 de Junho de 2023 digo: Obrigado Luís de Camões.

 

Soares Teixeira

quinta-feira, 18 de maio de 2023

"OS LUSÍADAS", CANTO X - LUIS DE CAMÕES



"OS LUSÍADAS", CANTO X





Canto X

Depois dos marinheiros lusos terem satisfeito os seus primeiros apetites dirigem-se ao palácio de Thetys onde lhes é oferecido um grande banquete no qual a Sirena profetiza os feitos lusitanos no Oriente. Camões volta a recorrer ao artifício da profecia para contar o que ocorreu entre o passado (1498, ano da descoberta do caminho marítimo para a Índia), e o presente (o tempo em que o poema foi escrito). São enaltecidos os heróis Portugueses. Episódio da Máquina do Mundo. Thetys faz mais profecias sobre os Portugueses. A frota deixa a Ilha dos Amores. Chegada a Portugal. Epílogo, onde Camões reforça a dedicatória a Dom Sebastião.


"OS LUSÍADAS", CANTO IX - LUÍS DE CAMÕES

 

"OS LUSÍADAS", CANTO IX




Canto IX

Os ‘infiéis’ fazem com que os mercadores nada comprem aos dois feitores portugueses e prendem-nos, com o propósito de deter os portugueses na cidade, até que de Gidá cheguem as naus muçulmanas que todos os anos vão comprar especiaria e destruam as portuguesas. Monçaide avisa Vasco da Gama da intenção dos mouros e do grande perigo que corre a frota lusa com a chegada eminente da forte frota muçulmana. O Samorim manda libertar os feitores e suas fazendas. A frota parte de regresso, levando, forçados alguns Malabares. Episódio da Ilha dos Amores. Exortação de Camões aos que anseiam por imortalizar o seu nome.


quarta-feira, 17 de maio de 2023

"OS LUSÍADAS", CANTO VIII - LUÍS DE CAMÕES



"OS LUSÍADAS", CANTO VIII





Canto VIII

Paulo da Gama, e depois Vasco da Gama, explicam ao Catual o significado das pinturas que estão no interior da nau. Entretanto o Samorim pede para que se examinem os augúrios. A previsão transmitida ao Samorim é de que os portugueses viriam dominar toda a Índia, o que é confirmado pelos conselheiros islâmicos do soberano, a quem durante a noite Baco aparecera em sonhos fazendo-se passar por Maomé dizendo-lhes que os portugueses eram piratas e que a frota deveria ser destruída. No dia seguinte, em que o Samorim terá de decidir entre as vantagens de firmar tratado com os portugueses e as previsões da noite, manda chamar Vasco da Gama e acusa-o de ser um apátrida e praticar a pirataria, instando-o a confessar toda a verdade. Vasco da Gama reafirma as suas intenções honradas e o Samorim manda-o em liberdade, com autorização para negociar. Contudo o ministro indiano, instigado pelos islâmicos do reino, toma o Capitão como refém e tenta que este ordene a aproximação da frota afim de que esta possa ser destruída. Ao ver falhar o seu estratagema, com receio de castigo por parte do seu soberano, por estar a ir contra as suas ordens, e aspirando ao o lucro, aceita na troca de Vasco da Gama por mercadorias das naus portuguesas.

 


"OS LUSÍADAS", CANTO VII - LUÍS DE CAMÕES



"OS LUSÍADAS", CANTO VII




Canto VII

Este canto inicia-se com o elogio da nação lusa na luta contra os muçulmanos, quando comparados os seus feitos com os das outras nações. Depois de aportar em Calecute Vasco da Gama envia um mensageiro ao rei. O mensageiro encontra entre a multidão Monçaide, um mouro que falava castelhano, que o vai acompanhar e servir de tradutor. Mais tarde Monçaide acompanha o mensageiro até à frota lusa e fala aos portugueses sobre a história, geografia, política, religiões, usos e costumes da Índia. Vasco da Gama e Monçaide encontram-se com um ministro – Catual – que os conduz até ao Samorim. No fim do Canto VI Camões diz sentir faltar-lhe a inspiração e fala um pouco de si lamentando revoltado com a forma como a sua pátria o tem tratado.


"OS LUSÍADAS", CANTO VI - LUÍS DE CAMÕES


"OS LUSÍADAS", CANTO VI


 


Canto VI

Terminada a narrativa de Vasco da Gama ao Rei de Melinde, bem como os festejos que este oferece em honra dos portugueses, a armada, guiada por um piloto disponibilizado pelo Rei de Melinde, prossegue a viagem, rumo a Calecute. Baco, furioso com os sucessos da frota lusa, vai pedir ajuda a Neptuno. Os deuses marinhos (ao contrário dos deuses olímpicos) manifestam-se contra a armada e ordenam a Éolo que solte os ventos para a afundar. Entretanto, os marinheiros de vigia conversam despreocupadamente e pedem a Veloso para lhes contar uma história. Este conta-lhes a história dos Doze de Inglaterra. Surge uma violentíssima tempestade por intermédio dos deuses marinhos. Prece de Vasco da Gama à Divina Guarda. Vénus, alarmada e irada, vai de novo em socorro dos portugueses enviando as ninfas para seduzirem os ventos, acalmando-os, protegendo assim a frota. A tempestade passa. Vasco da Gama ajoelha e agradece a Deus. A frota avista Calecute. O canto acaba com Camões a tecer considerações sobre o muito que vale a fama e a glória quando conseguidas através dos grandes feitos, e a criticar aqueles que buscam fama, glória e fortuna recorrendo a intrigas e valendo-se dos favores de quem tem poder.


terça-feira, 16 de maio de 2023

"OS LUSÍADAS", CANTO IV - LUIS DE CAMÕES


"OS LUSÍADAS", CANTO IV



Canto IV

Vasco da Gama continua a narrar ao Rei de Melinde a história de Portugal, agora com a Segunda Dinastia - desde a Crise de 1383-1385 até ao reinado de Dom Manuel I e ao momento em que a sua frota sai de Lisboa com destino à Índia.


"OS LUSÍADAS", CANTO III - LUÍS DE CAMÕES

 

"OS LUSÍADAS", CANTO III




Canto III

Depois da invocação a Calíope (Musa da Poesia Épica), Camões, dando a palavra a Vasco da Gama, narra o que este contou ao Rei de Melinde, começando pela a geografia da Europa e passando depois para a Primeira Dinastia (que se estende até ao Canto IV). Entra-se no tempo histórico na estância 23 com o Conde Dom Henrique (Dijon, 1066 — Astorga, 12 de Maio de 1222) que foi conde de Portucale ate à sua morte.