domingo, 23 de agosto de 2009

Ecce Homo

Só para ver este quadro vale a pena uma visita ao fabuloso Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Sempre que revejo este Ecce Homo tenho a mesma sensação de espanto perante a força que sinto emanar da pintura. É inevitável concentrar o olhar na visão daquele Cristo que, com um pano a cobrir a cobrir-lhe os olhos, transmite a mensagem de que está permanentemente a ver um mais além: um cosmos primordial e um cosmos cerebral, e um caminho e uma unidade. É um Cristo não a sofrer mas sim já para lá do sofrimento: um Cristo a Ver. A boca também não é de agonia mas uma boca onde se adivinham palavras. Tudo o que é exterior ao corpo e nos sugere martírio e santificação quase fica num segundo nível, por detrás daquele pano, que parece que também nos cobre. Apetece afastar ambos os panos e olhar Cristo, verdadeiramente olhos nos olhos.






Soares Teixeira

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