terça-feira, 13 de outubro de 2009

Requiem para um PC

O meu Laptop morreu. Tinha já 8 anos. Velhinho. Disseram-me numa Clínica de computadores que devolvê-lo à vida era mais caro que comprar um novo. "Paz à sua alma" - pensei, enquanto caminhava no Centro Comercial com o defunto PC dentro da respectiva mala. Na verdade apenas lamento o dinheiro que dei por ele e que agora perco.
Mas... há aqui qualquer coisa... começa a haver qualquer coisa com os computadores. O que é que em nós initimamente evolui com eles? estes objectos, a que temos vindo a conceder uma vertiginosa capacidade de pensar, poderão já ter adquirido Sentimento. Vistas as coisas racionalmente; é claro que não. Patetice. Contudo é através deles, e cada vez mais através deles, que alteramos os nossos sentimentos - basta navegar uns minutos na Internet ou jogar um jogo no computador. E é sempre mais o que queremos dos computadores, estamos ávidos de maior capacidade da máquina e interacção com ela. O desejo alimenta-se de si próprio. O consumo alimenta-se de si próprio. Os nossos computadores são a impensável ficção científica de há meia dúzia de décadas e os dinossauros daquilo que daqui a meia dúzia de décadas se fará. Caminhamos com o espanto da velocidade da invenção. Alongamo-nos nesta corrida. Nem tudo aquilo de que somos feitos acompanha o progresso à mesma velocidade. Criamos relatividade, energia, tensão.
Apetece estar na praia simplesmente a sentir a água, a areia e o Sol, pensar que há três mil anos alguém sentiu o mesmo bem-estar e desejar que daqui a três mil anos alguém possa ter essa mesma sensação. Apetece o desejo de continuidade das coisas primordiais que tornam o Ser Humano consciente do seu Cosmos interior e do Grande Mistério onde os opostos convergem.


Soares Teixeira