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sábado, 17 de agosto de 2024

MAÇÃ - SOARES TEIXEIRA

 

MAÇÃ - SOARES TEIXEIRA



MAÇÃ

 
Ergue-se das águas do Tejo
uma maçã de horizonte.
Numa turbulência de olhar,
estendo os braços
e apanho o fruto da árvore do tempo.
 
Uma dentada, depois outra,
e já sou vento
a soprar sobre os dias em que fui
navegante,
proa de chegada e de partida.
 
Tejo
meu rio de respiração milenar,
tantas vezes de ti me despedi,
tantas vezes este renascer
nas tuas veias.
 
 
Soares Teixeira 
(© todos os direitos reservados)




quarta-feira, 26 de junho de 2024

TERTULIANDO - SOARES TEIXEIRA

 



LIVRARIA SNOB

Foto tirada por mim, hoje, no pátio da Livraria Snob, em Lisboa

TERTULIANDO
 
Palavras a fazer de pássaros
dizem adeus aos lábios dos poetas
e viajam sobre superfícies
que parecem banais
 
Assim, uma parede estende os braços
porque por ela se espalham voos de aves
e uma outra veste-se de sílabas
da cabeça aos pés
- este o mistério das palavras dos poetas;
ângulos diversos, diversas pulsações do sentir,
diversos mundos a aderir ao corpo,
transformam o banal em balcão de bar
onde copos se inclinam para a boca
enquanto paredes descobrem novas posições
para fazerem amor com o que ninguém vê
 
Tertuliando se fazem jangadas
que avançam pelos mares
onde cachos de uvas caem de nuvens
que adivinham desassossegos de instintos,
próprios daqueles que buscam por dentro
novas geografias
e por fora se deixam ser
baía de descobertas alheias
 
Um triângulo de céu pode conversar com plantas
em vasos pendurados numa parede?
Claro que pode – tudo é poesia -,
tudo depende da visão da roda do leme
que preside aos sentidos,
 

Pobre parede com três tristes linhas de grades,
deixa que em ti entrem palavras a fazer de pássaros,
recebe os sons, os sentires, o céu
Às vezes sou como tu, alta parede em solitária solidão,
mas isso é às vezes
hoje não
hoje, em palavras,,
vou,
 marítimo,
pelo oceano de astros onde caio

 
 
Soares Teixeira – 26 de Junho de 2024
(© todos os direitos reservados)




domingo, 18 de fevereiro de 2024

CREPÚSCULO - CREPUSCLE - SOARES TEIXEIRA

 

CREPÚSCULO - CREPUSCLE


CREPÚSCULO
 
Despeço-me do sol,
silenciado pelo seu adeus
e na minha testa
há uma abelha quieta
 
Algumas arestas
vêm beber do meu pensamento;
olho-as
através de uma porta que se abre
 
A noite será bosque
e eu, ignorante dos caminhos,
procurarei refúgio
numa choupana de astros
 
 
Soares Teixeira 

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CREPUSCLE
 
I say goodbye to the sun,
silenced by its farewell
and on my forehead
there's a quiet bee
 
Some edges
come to drink from my thoughts;
I look at them
through a door that opens
 
The night will be forest
and I, ignorant of the ways,
will seek refuge
in a hut of stars


Soares Teixeira 







terça-feira, 28 de novembro de 2023

ANIVERSÁRIO DE ISABEL CUPERTINO 2023


 

SOARES TEIXEIRA

Na Festa de Aniversário de Isabel Cupertino - 25/11/2023

( Restaurante Clara Jardim - Lisboa )




terça-feira, 10 de outubro de 2023

´PERGUNTA' - SOARES TEIXEIRA

 

SOARES TEIXEIRA

PERGUNTA
 
 
‘O que está no fim do aqueduto?’
Perguntou-me um dia um pássaro
que voou, até o perder de vista.
 
Fiquei no fim da tarde
a olhar como o vermelho
ia sendo um cada vez mais ténue
grito do sol,
até se tornar inaudível
nas ruas tranquilas da aldeia
que era o meu olhar.
 
Em água, desprendi-me do corpo
e tentei ir atrás do pássaro,
pelo aqueduto…
 
Fez-se noite, regressei,
e repeti a pergunta do pássaro,
com um estranho eco na voz
 
 
Soares Teixeira – 10 de Outubro de 2023
(© todos os direitos reservados)




domingo, 26 de fevereiro de 2023

CLEONICE BERARDINELLI

 

Soares Teixeira e Cleonice Berardinelli

A 31 de Janeiro de 2023, com 106 anos, deixou-nos a Grande Professora Cleonice Berardinelli, Imortal da Academia Brasileira de Letras. Tive oportunidade de escutar algumas das suas brilhantíssimas palestras e também de algum convívio (Portugal/Espanha/Brasil), com esta ilustríssima - e amabilíssima - especialista da Literatura Portuguesa.

A foto acima, onde estou com a insigne Professora, é de 2010 e foi tirada em Santiago de Compostela, por ocasião de um Congresso.

domingo, 6 de novembro de 2022

"OS LUSÍADAS" - CANTO V - LUÍS DE CAMÕES



"OS LUSÍADAS" - CANTO V






Canto V

Continua a narração de Vasco da Gama. Conta agora como foi a viagem da Frota Lusa desde Lisboa até Melinde referindo-se aos fenómenos da natureza que naqueles desconhecidos mares e céus os nautas portugueses observaram: O Cruzeiro do Sul, O Fogo de Santelmo, A Tromba Marítima. Peripécia de Fernando Veloso entre os nativos africanos. Episódio do Gigante Adamastor, que pode ser dividido em três elementos: 1 – Teofania (encontro com uma divindade): surge uma grande tempestade, os nautas, temem pela sua sorte, avistamento do Gigante Adamastor; 2 – Prolepse: o poeta, em meados do séc. XVI, fala de acontecimentos passados, porém futuros para o Gama, no início desse mesmo século.; 3 – Écloga marinha: a paixão não correspondida de Adamastor por Tétis. Vasco da Gama refere-se ainda ao terrível e mortal escorbuto. Alegria pela chegada a Melinde e demonstração de admiração por parte dos melindanos pela tremenda aventura dos portugueses. O canto V termina com Camões a criticar a iliteracia dos seus conterrâneos. 





 

sábado, 23 de julho de 2022

CULTURA SEMPRE


 

Soares Teixeira e Pilar del Rio

 

Com Pilar del Rio (mulher de José Saramago) numa das minhas inúmeras participações/encontros culturais - que continuam e continuarão!



domingo, 3 de julho de 2016

"ANUNCIAÇÕES", de MTH, EM DEBATE NO PALÁCIO FRONTEIRA


Fotografia tirada aquando do Curso promovido pela Fundação das Casas de Fronteira e Alorna sobre o mais recente livro de Maria Teresa Horta, Anunciações" e que teve lugar dias 29 e 30 de Julho.

domingo, 26 de junho de 2016

FOTOGRAFIA DE SOARES TEIXEIRA E MARIA TERESA HORTA

Eu e Maria Teresa Horta na Feira do Livro de Lisboa. 11de Junho de 2016.

Autógrafo de Maria Teresa Horta, no Livro "Anunciações"


Capa do Livro "Anunciações", de Maria Teresa Horta


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"A MULHER LIBERTA" - Soares Teixeira






Onde estava o arado do canto?
onde estava o trigo da dança?
já nem sequer um sonho a cingir a cintura
já nem sequer uma concha de luz
seria ilusão aquela estrada sem destino?

pequenos passos
rapidamente guardados nos instantes
horizonte insatisfeito
sem asa de poema por cúpula
sem som de flauta por chão

mas eis que aconteceu…
a pequena chama que crepitava no peito
fez-lhe sentir o Sol à sua altura
e ela gritou
gritou-se!
erguendo bem alto os braços
como dois mastros de liberdade

depois já sem peso nos pés
já sem espinho na respiração
já sem véus de medo
chorou
e as suas lágrimas abraçaram
o voltar a ser a mulher
na manhã de uma íntima praia



Soares Teixeira – 10-02-2016
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

"O TEMPO VIRÁ" - Soares Teixeira




Algum dia
num astro
vivi
o ser peixe
a nadar dentro de mim
e ser pássaro
a voar para outro fim

depois acordei
ou adormeci
não sei
e vim dar comigo
nesta sede de azul

o tempo virá
em que regressarei
à água que serpenteia na luz
e então sonharei
com o carro solar
que agora me conduz


Soares Teixeira – 08-10-2015
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

"A FOTOGRAFIA" - Soares Teixeira




Eu ia num navio
à popa
e do convés olhava
como se voasse de dentro para fora de mim
de dentro para fora…
de fora para dentro…
em círculos
lentamente
sem qualquer pressa no prazer ou no ser
do meu lado esquerdo as terras do adeus
do meu lado direito as terras do nunca mais
é também assim o navio da vida
assim mesmo…
nenhuma pedra se repete
nenhum vento se repete
porque a pedra de hoje é o que eu sou ao vê-la hoje
- amanhã é outra porque eu serei outro
porque o vento de hoje é o que eu sou ao senti-lo hoje
- amanhã é outro porque eu não serei o mesmo
O céu crescia-me no peito de pássaro
no mar um rasto de espuma e outro de sol
Tirei uma fotografia à alma do instante
revejo-a agora com um sorriso marinheiro
não está lá, mas está
sim está!
vejo-o nitidamente e lembro-me de o ter sentido
tanto e tanto no meu convés de pestanas e abandono
lá está ele
esse rasto de saudade
a nascer do eu ser navio com casco de emoção
navio sim
imenso
como um sonho de Além
como um murmúrio a deslizar
dentro de um sopro de eternidade


Soares Teixeira – 07-10-2015
(© todos os direitos reservados)