segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"ALVOROÇO" - Soares Teixeira







Neste alvoroço de viver
intensamente
a verdade silvestre

há mãos que são navios
e braços que são ondas
e ombros que são brisa
e bocas que atravessam as sílabas
e coxas feitas de palavras
e pés que são verbos
e o resto um pulso de horizonte
sem medida
que nos puxa para a plenitude do grito

nenhuma lucidez de espaço nos falta
nenhum vértice de silêncio
nenhuma espiral de água

aparece-nos claridade na pele
e erguemo-nos num luar só nosso
as árvores observam
do fundo das suas raízes
como a nudez da aliança
abre caminho
na sempre jovem
antiguidade da luz
e os pássaros dizem aos ventos
“O prodígio está ali”
sim é de nós que falam
e é por nós que chamam
os derradeiros unicórnios brancos
Olha! eles vêm!

é manhã nas asas de uma borboleta
e nela vai
o poema que somos



Soares Teixeira – 15-12-2014
(© todos os direitos reservados)

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