Durante quanto tempo mais
teremos de transferir o sonho
para a hora da claridade adiada?
Durante quanto tempo mais
teremos de guardar as cordas da lira
dentro de um canto de galo por acontecer?
Durante quanto tempo mais
teremos de mastigar
a voz sem madrugada?
Pulsos vazios sem garganta de mar
Dedos que já não sabem beber além
Voos virtuais numa estratosfera
de mundos inventados
Centos comerciais
para plantar o pinheiro da derrota
Aqui estamos
com o pleno direito de sermos consumidos
pelo consumo
Convém sorrir
as hienas agradecem o gostarmos de ser engano
Convém ser caixa de rapé
as hienas agradecem o sermos quem não sabe o que é
De vez em quando um “Arre porra que é demais”
para vender jornais
O resto
uma bola no relvado do fado
umas couves no quintal
e música pimba para animar o arraial
Soares Teixeira – 05-03-2015
(© todos os direitos reservados)
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