O insecto voou. Com ele voou também o olhar que se detivera
na pequena criatura. E o instante, suspenso, recomeçou; o insecto voltou a ser
uma princesa encantada e o olhar que o olhava viajou para uns lábios com sede
de poema. O tempo sorri, enquanto caminha, passeando a sua nudez. Sim, porque o
tempo está nu (nunca teve tempo para se vestir). E sorri, porque gosta de
estórias em que princesas encantadas olham com os seus grandes olhos de libélula
para olhos abertos a outros mundos. Entretanto há uns lábios que se tornam
asas, viajam pelas veias e saem pelos dedos; lábios transformados em palavras encantadas
que se espalham como pequenas libélulas.
Soares
Teixeira – 09-07-2013
(©
todos os direitos reservados)