Estranho
quando o frio
agasalha a tristeza
já me tem acontecido
muito raro,
é preciso a alma estar como uma corda podre
quase a partir-se
apenas um último fio
a aguentar todo o peso da existência
é uma solidão a engolir silêncio
por entre nós na
garganta
o olhar sente
a chave perdida, a
porta fechada, a sala vazia
os passos parecem
maltratar o chão pisado
e tudo dói
mesmo as mãos suadas
do tempo a descarregar instantes
para o cais da
vida
principalmente isso
não apetece nem falar à toa nem ser curiosidade em qualquer
acaso
nada
apetece entrar num táxi invisível
ou numa rosa murcha
e ir
sem destino, sem
explicação
para trás
deixar
abandonada no
esquecimento
a mala
com a camisa puída da
desilusão
e a lágrima sobre o
arame farpado
Soares Teixeira –20-06-2016
(© todos os direitos reservados)
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