segunda-feira, 20 de junho de 2016

"SEM DESTINO" - Soares Teixeira



Estranho
quando o frio agasalha a tristeza
já me tem acontecido
muito raro,
é preciso a alma estar como uma corda podre
quase a partir-se
apenas um último fio a aguentar todo o peso da existência
é uma solidão a engolir silêncio
por entre nós na garganta
o olhar sente
a chave perdida, a porta fechada, a sala vazia
os passos parecem maltratar o chão pisado
e tudo dói
mesmo as mãos suadas do tempo a descarregar instantes
     para o cais da vida
principalmente isso
não apetece nem falar à toa nem ser curiosidade em qualquer acaso
nada
apetece entrar num táxi invisível
ou numa rosa murcha
e ir
sem destino, sem explicação
para trás
deixar
abandonada no esquecimento
a mala
com a camisa puída da desilusão
e a lágrima sobre o arame farpado



Soares Teixeira –20-06-2016
(© todos os direitos reservados)

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