Porquê um
poema?
porque sou
árvore e tenho sede
porque uma
formiga se abre em leque
porque uma
montanha cabe dentro da pupila
porque o mar é
uma flor ao vento
e os pássaros transportam deuses nos bicos
o poema
purifica
toca o rio que
percorre todas as distâncias
toca o ser e o
não ser que habita debaixo da pele
toca a secreta
e tumultuosa superfície dos corpos
toca o peixe e
o trigo que voam do teu olhar
para o azul de onde se libertam todos os
princípios
o poema sabe a
astro
e escorre na
garganta como luz e mel
e penetra na
carne com intimidade de nuvem
e acaricia as
veias que navegam nos dias
e revela à alma
os mistérios que habitam
na jovial liberdade das palavras
assombra
o poema
e é preciso que
assombre
para que
desassombrados sejamos
os tais
trapezistas
que as pálpebras nos pedem para ser
Soares Teixeira – 05-10-2014
(© todos os direitos reservados)
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