Quando a realidade é ter o corpo dentro de uma árvore transparente e
ir num azul em tons de desejo ao encontro da taça de sol que seguras com
o olhar então mãos e pássaros no centro do peito agitam-se como rosas
vermelhas de um vermelho que fugiu da origem das cores para ser a
pulsação com que respiro a palavra sempre escrita em maiúsculas
AMO-TE. Ouviste os meus ramos abrirem a porta e pronunciarem o caminho?
Cada letra um firmamento um filme uma argila fácil de moldar aos lábios.
A que se prolonga na surdina de um caule místico M breve e leve como um
salto de pardal O de oráculo de oração de ovo depois o T com que se
iniciam as palavras tudo total tremendo finalmente E que duas vezes
habita no desejo de estarmos os dois sentados naquele tracinho entre
verbo e pronome a andar de baloiço como vinho enamorado pelo horizonte.
AMO-TE bonito belo bom boca beijo de mãos dadas a baloiçar no tal
tracinho. AMO-TE trapezista estrela de cinco pontas que nos estende
a luz de sermos arte de não ter fim.
Soares Teixeira – 15-10-2014
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