Apetece-me ser o desenho de um navio
numa canção a
subir colinas
apetece-me ser
a maresia
no respirar de
uma constelação
e porquê?
este inventar sem
margens
com mãos de
vogais emplumadas
este querer
outras areias
para caminhar entre
conchas de consoantes
se tudo fosse
um
aaaaaaaaaa
ou um
rrrrrrrrrr
mas não é
tudo
ééééééééééé
como aquela
maçã cheia de memórias
minuciosas
memórias
das coisas que
o vento lhe segredou
e dos poemas
com que o luar
a adormecia
como aquela mão
cheia de amanhã
aquela mão
antiga que acariciou o sol
num gesto que
ainda há-de durar mais mil anos
como aquela dor
de ser oásis sem palmeira
não importa o porquê
há orvalho na
música
e pardais entre
os dedos
isso sim é
importante
é ar
ar que me
respira
sorrio como
chão que assobia
e apetece-me
não sei que
evasão
não sei que
salvação
pouco importa
adeus navio
adeus maresia adeus
agora sou peixe
vou para onde
me chamam os corais
olá estrela
dá-me um beijo
Soares Teixeira – 14-10-2014
(© todos os direitos reservados)
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