Na companhia do
ar
aquelas duas
penínsulas
que de mãos dadas
com o olhar
entravam mar adentro
rumo ao sol
eram uma grande
história de amor
pouco mais se
sabia deles
a espuma do mar
que lhes
abraçava os pés
enquanto
caminhavam na praia
essa sim
porque era
confidente do horizonte
e dos íntimos
espaços humanos
sabia
que aquela era
a manhã mais perfeita
de um homem e
de uma mulher
a que muitos
chamavam velhos
eles sabiam-se
sede com muitos
anos
chama de muitas
décadas
linguagem de
muito tempo
mas juntos
continuavam a ser
a fácil
respiração dos instantes
idade?
a mesma das harpas
lunares
por isso
todos os dias
o seu olhar
unido
ia livre e leve
mar adentro
cumprir o
ritual da eterna juventude
tinham jurado
que assim seria
até que os dois
fossem carne solar
depois
novamente
penínsulas
caminhariam de
mãos dadas
pelo universo
isso segredavam-lhes
as estrelas
desde aquela
primeira noite de astros em flor
e assim
as manhãs
cada uma de todas
as manhãs
eram neles
a mais perfeita
manhã
Soares Teixeira – 26-10-2014
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