sábado, 31 de outubro de 2020

"UNIDADE" - SOARES TEIXEIRA


O céu e o mar

unidos

pelas palmas das mãos


À proa do meu navio

observo o horizonte

longamente

até que eu e o tempo

deixamos de sentir

o mesmo vento

Chego em alvorada

ao fim do promontório

que de mim se estende

Não sei se estou só

ou acompanhado

por asas de fronteiras

Uma saudação antiga

vem beijar-me a testa

Imóvel

sou a linha que desperta

de uma geometria adormecida

e a ânfora que guarda

a vastidão derramada

e a passagem que se abre ao pólen

e o fragmento oco

e o silêncio esquecido

e a alma de entranhas desfiadas

Em mim

a claridade sorri

ao abraçar a sua irmã;

aquela claridade que me alimenta

e de que sou alimento

E faz-se unidade

tudo o que está nos dedos do Sol


E o céu e o mar

tornam-se mãos abertas

para me abraçar



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Soares Teixeira-26-10-2020

(© todos os direitos reservados)


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