terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

sábado, 25 de fevereiro de 2017

"EL INGENIERO POÉTICO" - Jesús Lizano


¡Viva el ingeniero poético!
El ingeniero
que construye caminos
y canales y puertos
en el alma, en el mundo
de la libertad,
en el mar
de los sueños.
¡Viva el ingeniero
de la vida interior,
el telecomunicador
del sentimiento, de la aventura,
el industrializador
de la fantasía y del instinto
creador,
el inspector
de la música, del concierto
que nace de los sentidos
y se une al rumor
de las aves y de los bosques,
de los océanos!
Viva el ingeniero
que anima la soledad,
el silencio,
el ingeniero soñador,
el soñador ingeniero.
Viva el ingeniero poético,
el antiseñor,
el diseñador
de las alas del hombre
volador
sobre la alegría, sobre el dolor,
el ingeniero de la belleza,
el verdadero honor.
De qué nos sirven esos canales
y esos puentes,
el continente
del mundo exterior,
esos puertos
que la locura de la Razón
construye sobre nuestro ingenuo
vivir si no construimos
el mundo de nuestro temblor,
de nuestro
encendernos y apagarnos,
del inmenso y escondido amor,
el contenido
de nuestra pasión.
¡Viva el ingeniero liberador
de las fronteras, de las cárceles,
de pensamiento perverso,
de la enajenada canción,
de todos los edificios
siempre en construcción!
De qué nos sirve el ingeniero,
el zapador
dominante del mundo si ese mundo
confunde nuestros sueños,
divide nuestras vidas,
ahoga nuestra inocencia
y ciega nuestro sol.
¡Viva el ingeniero poético
y la madre -la Poesía-
-sí- que lo parió.


JESÚS LIZANO

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

JOSÉ AFONSO


 


José Afonso (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — (Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987)
Há 30 anos morria José Afonso, um dos mais acarinhados músicos da história de Portugal. Um voz inigualável; um fantástico talento, como músico e poeta; uma acção cívica da maior nobreza - um dos Grandes de Portugal. A sua obra e a sua figura ficarão para história como uma luz inspiradora.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Afonso 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

"A PAZ SEM VENCEDORES E SEM VENCIDOS" - Sophia de Mello Breyner Andresen

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dual'

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

LES BALLETS TROCKADERO DE MONTE CARLO



São só homens. Todos eles grandes bailarinos, que em palco se transformam em elegantes, sofisticadas, caprichosas, arrebatadoras, (às vezes magnificamente desastradas) "Prima Ballerinas" para nos deleitar com os mais icónicos quadros do ballet. Rigor absoluto, estudo e treino intenso, uma equipa que cuida de todos detalhes - a dança e o humor (segundo alguns deles mais difícil que dançar em pontas). O resultado é um espectáculo incrível que deixa o público de boca aberta - de surpresa e riso. São os fabulosos "Ballets Trockadero de Monte Carlo". Sempre que vêm a Lisboa não perco a oportunidade de os ver.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

"MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA" - Soares Teixeira



Motor de combustão interna:
máquina térmica que transforma a energia
oriunda de uma reacção química
em energia mecânica
nele não existe a respiração das acácias
nem o murmúrio dos astros
nem a intimidade de jardins lunares
mas existe poesia, sim
na asa do sonho
no rio do pensamento
na aliança entre o braço e o aço


Soares Teixeira – 19-02-2017
(© todos os direitos reservados)


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

"AGRADEÇO-TE ENGENHARIA" - Soares Teixeira



Agradeço-te engenharia
sem ti eu não era a mesma equação de poesia
agradeço-te profundamente
agradeço às máquinas, às ferramentas, às oficinas
aos motores, às caldeiras e às turbinas
aos navios, às fábricas
às vigas, aos parafusos e engrenagens
à estática, à dinâmica, à física
aos cálculos e demonstrações
aos óleos, aos combustíveis, aos computadores
aos geradores, aos alternadores
à termodinâmica e à mecânica dos fluidos
agradeço-vos
do fundo do coração
agradeço aos meus navios
foi lá, na Casa da Máquina,
onde fui Oficial de Marinha Mercante
foi lá que a semente se fez flor
foi lá
o mar fez o resto
e o resto é o eu ser máquina de horizontes lapidados
e propulsor dos meus instantes alados


Soares Teixeira – 16-02-2017
(© todos os direitos reservados)


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

"INSPIRAÇÃO" - Soares Teixeira


Inspiração: trajecto do ar quando entra pelo nariz, percorre a boca, depois faringe, depois laringe, depois traqueia, depois brônquios, em seguida bronquíolos e finalmente alvéolos pulmonares
Este é o percurso que eu faço quando me torno atmosférico ao contemplar o céu, o mar, as árvores ou o voo dos pássaros
Entro pelo nariz de todas essas maravilhas que me inspiram profundamente e num ápice dou por mim nos pulmões do Paraíso
“Aqui é o meu lugar” – digo
“Bem vindo, José” – responde-me o silêncio



Soares Teixeira – 15-02-2017
(© todos os direitos reservados)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

"OS NAMORADOS" - Soares Teixeira




E dizem as flores:
“Os namorados caminham
com passos cantados pelo chão
e quando os lábios dão a mão
nascem cores
que nem os deuses adivinham”


Soares Teixeira – 14-02-2017, (Dia dos Namorados)
(© todos os direitos reservados)

domingo, 12 de fevereiro de 2017

"PERGUNTAS" - Soares Teixeira


Estamos no sulco de rodas de bicicleta
vivemos em sono e despertar de asa
sonhamo-nos novos astros e novas órbitas
desejamo-nos dentro do círculo das nascentes
e com os braços impregnados de perguntas
procuramos nas areias do mistério
a resposta para a maior das questões:
- Quem conduz a bicicleta?
enquanto isso estendem sobre as nossas cabeças
a crença de que as bombas atómicas são tão necessárias
como o nascer-do-sol, as uvas ou as estradas
Estamos montados no dorso de mísseis nucleares
pintados com o nosso sangue
e ninguém pergunta:
- Quem alimenta as bestas?



Soares Teixeira – 12-02-2017
(© todos os direitos reservados)

sábado, 11 de fevereiro de 2017

"PERTO DO LONGE" - Soares Teixeira




É nossa condição
um dia
perto do longe
alongarmo-nos
em mão a querer tocar
na polpa da memória,
em gesto numa face
que era horizonte no mundo,
em mágoa côncava
feita com a matéria da lágrima
sabemo-lo
desde o momento
em que começamos a navegar
a vida é assim mesmo
a outra margem aguarda
resta-nos
durante a viagem
manter os lábios
sequiosos de abraço
e húmidos de luz



Soares Teixeira – 11-02-2017
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Carmen Miranda - "Tico Tico no Fubá"




A fantástica e inigualável Carmen Miranda faria hoje anos.
 
 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

George Gershwin - Rhapsody in Blue - Leonard Bernstein, New York Philharmonic (1976)




Com um especial abraço para os meus leitores nos Estados Unidos da América

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

"TANTAS VEZES" - Soares Teixeira



Tantas vezes
uma dor de braços ao segurar o telhado do quotidiano
mas é preciso continuar;
ser amável, sorrir
dizer coisas mais ou menos leves
ir com o vento até junto dos pássaros
e brincar com eles
acenar ao Sol com chapéu de nuvem
libertar um galo no silêncio
e um palhaço num verbo de olhar triste
continuar
lançar os dados para o além-lágrima
não deixar que a imensa pedra
se torne insustentável aos músculos dos dias
tantas vezes
a dor de resistir



Soares Teixeira – 06-02-2017
(© todos os direitos reservados)

sábado, 4 de fevereiro de 2017

"REFEIÇÃO" - Soares Teixeira



O meu corpo é um copo
com superfície de rio
bebo-me
sílaba a sílaba
minuto a minuto
bebo também
a voz dos girassóis
as ruas traçadas nos troncos das árvores
os comboios que invento
o céu futuro que me pede um gesto
e enquanto bebo
como fatias de horizonte barradas a Sol



Soares Teixeira – 04-02-2017
(© todos os direitos reservados)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

"LÁ NO ALTO" - Soares Teixeira



Lá no alto
estão os astros que eu observo
do chão do meu pensamento
nada há para dizer
guardo as palavras em óleo de silêncio
o espaço é uma balança onde fico sem peso
o tempo é um pomar que guardo no bolso
vejo-me
baixar a ponte-levadiça do desejo
e caminhar para junto de inícios familiares
aproximo-me
esta fruição da lucidez…
esta realidade…
tão belo
junto-me ao puro timbre do nada
que é tanto
e em mim vou
lentamente
como um navio de cálido encanto


Soares Teixeira – 02-02-2017
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

"LONGE" - Soares Teixeira



Hoje o fim do dia perguntou-me
que queria eu mais
respondi-lhe:
“Subir ao ramo mais alto de um poema
colocar o tempo dentro de uma concha
e proteger o silêncio da noite”
é isso que faço agora
longe de estátuas sujas de lodo
de vespas a somar ferroadas
e de vermes vestidos de palavras ocas



Soares Teixeira – 01-02-2017
(© todos os direitos reservados)