De quase em quase
vou sendo
quase recém
nascido
de cada
instante que me bebe
e vou ondulando
para esquecer
que debaixo do
palácio das cores
há um rio subterrâneo
que nasce do
silêncio das dores
às vezes sou
deserto
onde poisam
todos os ventos
às vezes
floresta
onde crescem árvores
de mim mesmo
às vezes mar
como estas
palavras tão cheias de peixes
e é isso
vou ondulando como
se voasse
na
transparência de um jogo
onde sou jogado
sobre uma mesa
sem matéria
a viajar no
espaço
igual aos
outros dados
cão cadeira
búzio brinquedo
conforta-me
saber que
ar escreve-se
com a tinta de
um tinteiro
de vazio azul
Soares Teixeira – 20-11-2014
(© todos os direitos reservados)
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