quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

BEETHOVEN - 250 ANOS



 (Bona, batizado em 17 de Dezembro de 1770 — Viena26 de Março de 1827


Faz hoje 250 anos que o imortal Beethoven foi baptizado, em Bona. Génio absoluto, símbolo da Liberdade, Beethoven revolucionou por completo a música. Apesar da trágica surdez que cedo o atingiu, Beethoven nunca deixou de ser um trabalhador incansável. Inconformado, indomável, genial, Beethoven legou à Humanidade um património que vai muito para além da sua sublime música. Dignidade, coragem, fraternidade, alegria, são luzes que emanam fortemente da sua mais emblemática obra: a fantástica Nona Sinfonia.



segunda-feira, 30 de novembro de 2020

"QUIETUDE" - SOARES TEIXEIRA


Diz-me o mar

que sou um veleiro

a nascer do vento


Pede-me o olhar

para içar as velas

do pensamento


Beija-me o vagar

em gesto terno

e lento



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Soares Teixeira-25-11-2020

(© todos os direitos reservados)



terça-feira, 10 de novembro de 2020

"DUAS PALAVRAS" - SOARES TEIXEIRA

“Nós dois”
duas palavras que de mãos dadas
caminham em silêncio
sem pressa

paramos numa praia
combinamos ser poema
e selamos o compromisso
acendendo-nos num beijo

brilham os olhos do céu e do mar
o azul expande-se a todas as letras

tornamo-nos ondulação sobre a areia
sem pressa
“Um barco”
duas palavras

vamo-nos escrevendo
as sílabas dos gestos são intensas
no céu
pássaros em espirais
cantam o nosso poema


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Soares Teixeira – 10-11-2016
(© todos os direitos reservados)

sábado, 31 de outubro de 2020

"UNIDADE" - SOARES TEIXEIRA


O céu e o mar

unidos

pelas palmas das mãos


À proa do meu navio

observo o horizonte

longamente

até que eu e o tempo

deixamos de sentir

o mesmo vento

Chego em alvorada

ao fim do promontório

que de mim se estende

Não sei se estou só

ou acompanhado

por asas de fronteiras

Uma saudação antiga

vem beijar-me a testa

Imóvel

sou a linha que desperta

de uma geometria adormecida

e a ânfora que guarda

a vastidão derramada

e a passagem que se abre ao pólen

e o fragmento oco

e o silêncio esquecido

e a alma de entranhas desfiadas

Em mim

a claridade sorri

ao abraçar a sua irmã;

aquela claridade que me alimenta

e de que sou alimento

E faz-se unidade

tudo o que está nos dedos do Sol


E o céu e o mar

tornam-se mãos abertas

para me abraçar



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Soares Teixeira-26-10-2020

(© todos os direitos reservados)


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

"MOZART" - SOARES TEIXEIRA


Tão belas

as esvoaçantes varandas

onde os anjos cantam


Quem as constrói assim?

quem as faz voar?

quem põe os anjos a cantar?


Mozart

responde aos pássaros

o meu rosto iluminado



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Soares Teixeira-22-10-2020

(© todos os direitos reservados)





"XÁCARA DAS BRUXAS DANÇANDO", CARLOS DE OLIVEIRA - MARIA DE JESUS BARROSO

 




Maria de Jesus Barroso, uma das minhas grandes referências da Arte de Dizer. Extraordinária dicção e belíssímas interpretações quando se entregava à Poesia. A primeira vez que me cruzei com esta Grande Senhora foi numa recepção na Embaixada do Brasil em Lisboa. Quando a ouvi, de muito perto, ler alguns poemas de um livro de poesia do saudoso amigo Dr. Carlos Carranca, por ocasião do seu lançamento, fiquei fascinado. Ficaram lendárias as suas arrebatadoras declamações nos tempos negros da Ditadura, quando os Bravos enfrentavam corajosamente o negrume. 


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

FÁTIMA, 13 DE OUTUBRO DE 2020

 

FÁTIMA, 13 DE OUTUBRO DE 2020


COM TODO O MEU RESPEITO


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

"PÓ" - SOARES TEIXEIRA


entro num ponto de interrogação

percorro-lhe a forma

pergunto-lhe o que há no seu interior


responde-me

respondo-me


há um nada tudo

há um nunca sempre

há um dentro fora

há um útero que é vulcão

há lava expelida

há caos e turbilhão

há eixo e rotação

há o que se afasta

há o que se aproxima

há o que se cruza

há o acaso

há o destino



como sair do ponto de interrogação


há a câmara lenta da ilusão

há o tarde e o cedo

há o silêncio


há a pergunta

como sair do ponto de interrogação



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Soares Teixeira – 08-10-2020

(© todos os direitos reservados)





segunda-feira, 5 de outubro de 2020

5 DE OUTUBRO DE 1143 - ASSINATURA DO TRATADO DE ZAMORA

Tratado de Zamora

(Painel de azulejos em Portimão representando a assinatura do  Tratado de Zamora


A 5 de Outubro de 1143, em Zamora, dá-se a assinatura de um importantíssimo Tratado, conhecido como "Tratado de Zamora" , que constitui a declaração de independência de Portugal e o início da dinastia afonsina. O Tratado foi assinado entre Dom Afonso Henriques e Afonso VII de Leão e Castela, na presença do Cardeal Guido de Vico. A acção diplomática do Arcebispo de Braga, Dom João Peculiar, foi de grande importância para para o sucesso deste projecto e, consequentemente, para o surgimento do Reino de Portugal.

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Notas:
. A Bula "Manifestis Probatum" emitida pelo Papa Alexandre III , a 23 de Maio de 1179 (que se encontra na Torre do Tombo) veio reconhecer a validade do Tratado de Zamora.
. Com o Tratado de Alcanizes, firmado em 1297, entre Dom Dinis e Fernando IV de Leão e Castela, Portugal veio a tornar-se o mais antigo Estado-nação da Europa.



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

1 DE OUTUBRO - DIA MUNDIAL DA MÚSICA

 


Maria João Pires / Beethoven


domingo, 27 de setembro de 2020

"TODOS OS DIAS" - SOARES TEIXEIRA


Todos os dias nascem
nas ondas do mar
e todos os dias morrem
no olhar das praias

Todos os dias
o azul é um veleiro
e todos os dias
eu sou um marinheiro

Todos os dias entrego
os meus sonhos ao vento
e todos os dias caminho
com passos de pensamento

Todos os dias
vou aprendendo
e todos os dias
pouco de mim sei

Todos os dias abraçam
o dia que quero ser
e todos os dias levam
esse dia por acontecer


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Soares Teixeira – 27-09-2020
(© todos os direitos reservados)

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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

"ASTRO" - SOARES TEIXEIRA


As bocas bebem-se

os braços são leques

as pernas sereias


ancas ondulam

pupilas em alvoroço

a terra recebe o sol


aves irrompem das veias

incendeiam-se os gemidos

Orgasmo é nome de astro


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Soares Teixeira – 06-09-2020

(© todos os direitos reservados)




"PRINCÍPIOS" - SOARES TEIXEIRA

 

Desde quando?

Desde onde?

a escuridão a convocar a luz

a luz no gume da razão


Este aqui!

Este agora!

que artes tem a ilusão?

de que enigma se veste o sonho?


Viver…

consumir limites

ser alimento da distância


Regressar…

ao onde e ao quando

que permanecem indecifráveis



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Soares Teixeira – 18-08-2020

(© todos os direitos reservados)



"GOSTOS" - SOARES TEIXEIRA


Há pessoas

que comem poemas

para saborear palavras


Há poemas

que gostam de sentir

lábios de bom gosto



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Soares Teixeira – 30-08-2020

(© todos os direitos reservados)



"PERCURSO" - SOARES TEIXEIRA


Na minha vida de perguntas

caminho atrás de respostas

que as estrelas guardam no peito

e pergunto-me até quando


Lírios, rios e colunatas

rodopiam nos meus sonhos

abro os braços, sinto-me eixo

e pergunto-me até quando


Na minha vida de árvore

há ramos para todas as estrelas

mesmo aquelas

que me perguntam até quando


Videiras de mistérios ondulam

na água dos meus pensamentos

troco versos com os pássaros

e não sei até quando


Vou sobrando do que vou sendo

vou sendo sobra do que fui

o que sei de mim é quase nada

descobri isto já não sei quando



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Soares Teixeira – 30-08-2020

(© todos os direitos reservados)



"QUERO MUNDO" - SOARES TEIXEIRA


Quantas vezes

ainda antes

do poeta

beijar o poema

já ele exclama:

Quero mundo!"


Quase criatura

mas ainda lunar

o poema espalha-se

pelo corpo do poeta

em faíscas e raios

e vento e vinho

e o poeta escuta

aquela voz enfeitiçada

que grita:

Quero mundo!”


Plantas brotam da pele do poeta

e serpenteiam-lhe pelo corpo

envolvem-no

sacodem-no

acariciam-no

e átomos e mistérios

partilham entre si

sonhos e angústias

e sede e água

e escuridão e luz

e princípio e fim

partilham…

partilham…

tremendamente

até muito para lá

do extremo da partilha

partilham…

e é dessa força antiga

que nasce o trigo

a que o Sol chama:

Meu filho, meu Poema”

e ele

o jovem bezerro

acabado de nascer

responde

alvoroçado

berrando bem alto:

Quero mundo!”



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Soares Teixeira – 24-08-2020

(© todos os direitos reservados)



sábado, 18 de julho de 2020

"GLORIA", DE VIVALDI – SÉ DE LISBOA

"Gloria", de Antonio Vivaldi,  Coro da AAEMCN 

(Amigos da Escola de Música do Conservatório Nacional)

Sé de Lisboa, 19 de Janeiro de 2020




quarta-feira, 1 de julho de 2020

AMÁLIA RODRIGUES.- 100 ANOS - AMÁLIA PARA SEMPRE





https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A1lia_Rodrigues
(Amália nasceu a 1 de Julho, segundo a própria, que nesse dia celebrava o seu aniversário, mas foi registada a 23 de Julho)

domingo, 1 de março de 2020

MIRELLA FRENI



MIRELLA FRENI : Modena, 27 de Fevereiro de 1935 – Modena, 9 de Fevereiro de 2020


domingo, 5 de janeiro de 2020

"FERNÃO DE MAGAHÃES", FERNANDO PESSOA


Homenageando o "NRP Sagres", que a 05-01-2020 zarpou do Cais de Santa Apolónia, em Lisboa, para recriar a  viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães efectuada há 500 anos. O seu regresso está marcado para 10 de Janeiro de 2021.


BOA VIAGEM



FERNÃO DE MAGALHÃES

No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto —
Cingi-lo, dos homens, o primeiro —,
Na praia ao longe por fim sepulto.

Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.


s.d.
Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). - 67.