Junho está estranho. Apetece-me Bach. Não apenas escutar
Bach mas emergir da música do Mestre e ir ao encontro de lugares iniciais.
Lugares de mistério e sossego situados entre galáxias longas e lentas, como
flores de tédio. Apetece-me ficar na proa do navio da música de Bach e
deixar-me ir no poema dos sons. Apetece-me abrir os braços à claridade da
grande música e ser apenas espírito. Prescindo de tudo o que ornamenta a
vaidade dos bichos menores e prescindo até desses mesmos bichos. Prescindo
mesmo do meu baú de sonhos. Apenas música, só música, como alimento e viagem.