Uma das mais sublimes interpretações que já ouvi deste sublime 1º andamento da Sonata ao Luar de Beethoven. Belo, transcendência total, compreensão absoluta desta fabulosa peça, domínio absoluto da alma do piano.
domingo, 10 de agosto de 2014
VLADIMIR HOROWITZ - 1º AND. "SONATA AO LUAR", BEETHOVEN
Uma das mais sublimes interpretações que já ouvi deste sublime 1º andamento da Sonata ao Luar de Beethoven. Belo, transcendência total, compreensão absoluta desta fabulosa peça, domínio absoluto da alma do piano.
"A RESPOSTA" - Soares Teixeira
Um dia oferecer-me-ás a resposta
lua cheia grávida de mistério
um dia quando entre duas colinas
de vento
o meu corpo deixar de ser irmão da
sede
nesse dia quando eu - leve mais
leve
que a mesa transparente onde os
deuses bebem vinho
habitar o caule do infinito
nesse dia darás à luz a resposta
àquela pergunta que intacta
ambos guardamos na água do nosso
compromisso
por enquanto é de âmbar e ametista
a minha sombra de tigre a caminhar
na selva
às vezes troco o alimento pelo voo
que me é oferecido
(ah frágeis asas que me nascem nos
ombros e nos pulsos)
sim troco e vou - a voar a voar
como se uma cúpula sem matéria me
chamasse
vou sim
até que chegue o dia
aquele dia
em que caminhando sobre a
incandescência das pétalas esquecidas
atravessarei o meu nome
e tu espera em mim serás então
resposta em mim
um dia
não tenho pressa
apesar das sombras o mundo canta
instantes belos
Soares Teixeira – 10-08-2014
(© todos os direitos reservados)
sábado, 9 de agosto de 2014
"NAVEGANTE DOS CÉUS" - Soares Teixeira
Aqui me tens palavra
desembarco na tua praia
e olho para a tua floresta
com agudo olhar
caminho como um barco
transparente
semelhante àquele que aqui me
trouxe
feito de horizonte e unanimidade
aqui me tens
navegante dos céus
que estão dentro das asas
do grande pássaro do tempo
um sonoro silêncio verde chama
por mim
a frescura da água despede-se dos
meus pés
e eu vou a voar
para o arbusto que me espera
Soares Teixeira – 09-08-2014
(© todos os direitos reservados)
"NAVIO DE MÃOS" - Soares Teixeira
Na ardósia do olhar
deixar que o sol escreva azul
e viver a palavra
e nela ser
a gaivota que escreve o poema
lido pelo desejo de ombros nus
depois ir
como rio que se desprende do
leito
e consigo leva secretos peixes
nascidos antes das estrelas
ir
como navio de mãos
que afasta os lírios das
distâncias
ir
como quem respira os instantes
com a certeza que chegar
é estar prestes a partir
Soares Teixeira – 09-08-2014
(© todos os direitos reservados)
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
"VÉSPERA" - Soares Teixeira
A noite conversa com o Tejo
e todas as palavras são escritas
na superfície das águas
ergo a cabeça e bebo astros
(bandos de pássaros com olhares de
infinito)
deixo-me ir
sou uma cidade de onde todos já
partiram
resto eu
com um saco de serenidade ao
ombro
vou
caminho em frente
percorro solitário e frontal a
última rua
o próximo passo é numa praia
lunar
onde o meu corpo será véspera
de eternidade
Soares Teixeira – 05-08-2014
(© todos os direitos reservados)
"SAÚDO-TE LIBERDADE" - Soares Teixeira
Liberdade, saúdo-te como se
crescesse num cravo branco, um grande cravo no alto de um promontório onde se
ouvem as sereias cantar – e que canto… tão próximo da claridade, e da dor.
Liberdade; minha palmeira reflectida em tantos espelhos; meu animal esbelto que
bebe água no lago da luz sempre matinal; meu trigo a cantar chão e céu.
Liberdade, saúdo-te! Daqui, deste promontório onde sou barca que cresce num cravo
branco e aspira voar até à serena navegação entre os astros. Saúdo-te imaculado
clarão inicial, saúdo-te nascente da água que é começo da primeira festa.
Saúdo-te, liberdade para regressar ao magma que fui; à rocha onde me descobri; ao
mar onde me deslumbrei; ao pântano onde lutei; ao prado onde pastei; à árvore
em que me transformei; ao céu para onde voei; às asas onde me demorei. Saúdo-te,
canto e dança do silêncio; saúdo-te, pão e vinho da minha viagem. Saúdo-te! Aberto
como aroma de romã a beber além. Já sem pés onde possa bater o coração da
terra; já sem coxas onde se possam enrolar as ervas dos instantes; já sem
ombros onde possam poisar os olhos das nuvens, saúdo-te liberdade! Já só barca
a ascender à brisa; já só breve toque no belo cravo branco, saúdo-te liberdade!
Saúdo-te liberdade e vou. Vou, até ser procurado por um nome – e de novo
recomeçarei.
Soares Teixeira – 04-08-2014
(© todos os direitos reservados)
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