Às vezes o instinto inunda o instante com a sua própria
claridade. A lógica e a razão abandonam a partitura do ser e a melodia passa a
ser tocada com estranhas notas, súbitas e nunca imaginadas. Pode acontecer
ficarmos frágeis, balbuciando incógnitas e com os passos do sentir um pouco
trôpegos. Estamos habituados a alguma segurança íntima e a alguma firmeza nos
lábios – nos de carne e nos do pensamento. Às vezes, porém, acontece olharmos;
irmos; estendermos os braços; chamarmos, com a mesma certeza com que bebemos um
copo de água, mas… depois essa mesma água torna-nos pântano e afundam-nos em
nós próprios, na nossa dúvida. Será? Não será? Acreditar? Não acreditar? Que
cada um tome o caminho que lhe for mais fácil; há os incondicionais do
acreditar e outros nem por isso. Há certo tipo de incidentes com está máquina
falível, que somos, que ficam na memória. Há quem depois venha dizer: “tive uma
experiência”, os que dirão:”aconteceu-me uma coisa gira” e ainda os adeptos do:
”com essas coisas não se brinca”. Que tem razão? talvez Hamlet, que nos diz lá
do seu nórdico castelo: “Ser ou não ser, eis a questão”.
Soares Teixeira – 15-07-2013
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