sábado, 1 de junho de 2024

NO REINO DA ÁGUA O REINO DO VINHO - LUIZA NÓBREGA

 


- Extraído da página de Facebook da Professora Luiza Nóbrega:


Com o consentimento do autor, Soares Teixeira, publico o comentário que ele me enviou, em ressonância à sua leitura do meu livro No Reino da Água o Rei do Vinho. Um texto que me diz mais, e mais me gratifica, do que certos comentários insossos e anêmicos de acadêmicos avaros.
Professora Luiza Nóbrega, já terminei de ler o seu livro ‘NO REINO DA ÁGUA O REINO DO VINHO’ – Submersão Dionisíaca e Transfiguração Trágico-Lírica d’Os Lusíadas. Não terminei de estar com ele porque a enormíssima extensão e qualidade do seu conteúdo tem proporções oceânicas, que obrigam o leitor/viajante a elas regressar – assim o farei; o que ‘ficou’ assim o exige. Estudos desta profundidade e abrangência merecem, e devem, ser alvo de análise por parte de especialistas – o que não é o meu caso. Digo, porém, que em mim o universo de ‘Os Lusíadas’, onde o fascínio da descoberta e o hipnótico encantamento extravasam do sensorial e do temporal, mais se expandiu através da leitura do seu Estudo. A poliédrica transcendência da Obra magna da Língua Portuguesa, tem reflexos sempre insuspeitos, resultado de Camões em ‘Os Lusíadas’ a pretexto de…, ir falar de…, como pretexto para…, e assim nos puxar para uma intensa revolução íntima. Cumpre aos Mestres erguer o facho da luz para mostrar horizontes e propor caminhos; a Professora Luiza Nóbrega em ‘NO REINO DA ÁGUA O REINO DO VINHO’, fê-lo, com brilhante persistência onde proposições e metodologias apelam a competente análise a divulgação visto configurarem-se como prolongamento dos monumentais estudos de Jorge de Sena.
Após viajar pela sua Obra sento-me num penedo junto a um mar revolto. Água. Olho-a. Vejo, revejo. Fundo-me na inquietação do mar e penso. Métrica estrófica em ondulações que se sucede a duas vozes, duas faces, onde o aparente faz apelo ao labiríntico; vários eixos temáticos, que como colunas ligam profundezas de mar e céu, claro e escuro, realidade e ficção; semântica que tem de se beber lentamente depois de colhidas as uvas a descobrir; o Poeta, o homem, as personagens, os mitos, as metamorfoses; as palavras e as suas ressonâncias, o que é convés e o que vai nos porões, o que é quilha e o que é vela, o que é rasto e o que é além; inspiração, desafio, vingança, violência, astúcia, sofrimento; forja de prazeres e contraditórios, interminável rio de águas trágicas e líricas, juntas num só caudal; desejada parte oriental, desejado grito, desejada justiça; veículo de exaltação nacional, de crítica política e social, de relativismo, de sortilégio, veículo de uma voz de aurora e crepúsculo, veículo de tempos; forças a serem medidas com o Outro e a propagar(em)-se pelo(s) grande(s) teatro(s) do(s) mundo(s). E sempre mais…, o além… Leio, navego, ondulo, perco-me, volto atrás, medito, penso, questiono e questiono-me, uma e outra vez, procuro rumos, fecho os olhos, lembro-me de muita coisa que aprendi; da vida, de mim, do Oficial Engenheiro Maquinista da Marinha Mercante que fui - isso recordo até não sei que que mar, que dor azul (minha e de tantos). Queria ser objectivo, Professora Luiza Nóbrega, queria, pelo tanto que me deu através do seu estupendo livro, ser a(s) palavra(s) que o autor espera do leitor. Fico incomodado por este meu aquém, que não é de forjar elegâncias - e tal seria inútil ante a perspicácia de quem voa sobre as mais altas cordilheiras. No saquinho de couro que trago preso à cintura de humilde marinheiro tenho para lhe dar um ‘Parabéns’, um ‘Obrigado’, e uma palavra em branco onde cabe toda a sorte do mundo.
Camões, tu dóis-me por estares tanto aqui, quase quebras os ossos das mãos daqueles que puxas contra o peito das tuas palavras, contra o teu peito. Ainda bem que há gente que te segura no rosto, te observa com amor e te procura entender e dar a entender porque és sangue do nosso sangue e alma da nossa alma. Soares Teixeira.



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