A NUNO JÚDICE
O poema vai-se entranhando debaixo das unhas
quando, sem idade, enterramos as mãos
na areia quente das palavras
sentimo-nos acontecer, mais do que nunca,
naquela praia, onde o sol e o mar nos saúdam
e um pequeno caranguejo nos observa em silêncio
dentro de cada página, mundos parecem acontecer
pela primeira vez, a cada instante,
como explosões de libélulas de todas as cores
o rio surge de dentro do poema e traz-nos o espelho
onde nos vemos reflectidos nas constelações
do cérebro, e para lá ainda; até ao beijo inicial da luz
página a página, sentimos urgências, a voar, livres,
e abraços que se requebram em danças antiquíssimas,
e tudo isso em nós, entregue pelo poeta
Soares Teixeira – 19 de Março de 2024
(© todos os direitos reservados)
TO NUNO JÚDICE
The poem gets under the fingernails
when, ageless, we bury our hands
in the hot sand of words
we feel like we're happening, more than ever,
on that beach, where the sun and the sea greet us
and a small crab watches us in silence
inside each page, worlds seem to happen
for the first time, every moment,
like explosions of dragonflies of all colors
the river emerges from within the poem and brings us the mirror
where we see ourselves reflected in the constellations
of the brain, and beyond; until the initial kiss of light
page by page, we feel urgencies, flying, free,
and embraces that sway in ancient dances,
and all this in us, delivered by the poet
Soares Teixeira
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