terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

"OS CAVALOS" - SOARES TEIXEIRA


Parecem tão definitivos

os cavalos

quando correm em liberdade

pelas planícies

Não receiam nenhum chão

não temem nenhum vento

não se negam a nenhum horizonte

Belos

em cada músculo

em cada movimento

em todas as certezas

As paisagens

vão ficando

debaixo das suas patas

O tempo

cheira-lhes as crinas

e tenta abraçar-lhes o pescoço

mas não consegue

porque eles são mais velozes

que pensamentos

que estes meus pensamentos

vindos não sei de que águas

de que recantos ou de que caminhos

Nesta nudez de alma

partilhada não sei com que astro

preciso destes meus cavalos;

de os ver nascer

de os sentir surgir

alados

de um qualquer lugar no universo

para depois poisarem

nas minhas planícies mentais

belos

preciso de vê-los correr

livres

no meu chão de cicatrizes

que eles não receiam, não temem

e a elas não se negam

Corram, corram meus cavalos

para que eu vos inveje a liberdade

para que eu não desista de vos amar e seguir

para que eu não desista de mim

Venham, cavalos meus

de um qualquer sol

ou de um qualquer verso

venham

erguer-me em mar a ondular e a voar

no céu que eu escolher




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Soares Teixeira-09-02-2021

(© todos os direitos reservados)



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