quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"A MULHER LIBERTA" - Soares Teixeira






Onde estava o arado do canto?
onde estava o trigo da dança?
já nem sequer um sonho a cingir a cintura
já nem sequer uma concha de luz
seria ilusão aquela estrada sem destino?

pequenos passos
rapidamente guardados nos instantes
horizonte insatisfeito
sem asa de poema por cúpula
sem som de flauta por chão

mas eis que aconteceu…
a pequena chama que crepitava no peito
fez-lhe sentir o Sol à sua altura
e ela gritou
gritou-se!
erguendo bem alto os braços
como dois mastros de liberdade

depois já sem peso nos pés
já sem espinho na respiração
já sem véus de medo
chorou
e as suas lágrimas abraçaram
o voltar a ser a mulher
na manhã de uma íntima praia



Soares Teixeira – 10-02-2016
(© todos os direitos reservados)

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