O deserto avança
dentro do labirinto
onde o bicho-Homem
uiva
à luz hipnótica
dum mundo
que finge ser o seu
abençoadas sejam as árvores
porque não puxam as nuvens
para dentro de pântanos
onde guardam as manhãs em combustão lenta
abençoados sejam os pássaros
porque não colocam o azul
em travessas de penumbra
onde sinistras noites mergulham os tentáculos
o bicho-Homem olha-se ao espelho
para dar forma ao vento
e abraçá-lo pela cintura
num prolongado gesto
de solidão a chover morte sobre a vida
em que barco
vão os paraísos inventados?
naufrágio
tudo naufrágio
salvem-se as aves
para que delas desça uma nova era
Soares Teixeira – 20-07-2015
(© todos os direitos reservados)
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