É-me difícil pensar em Hamlet e não me vir à memória o lendário "Hamlet" de Laurence Olivier. Neste filme de 1948, com direcção, produção e interpretação de Sir Laurence Olivier a Arte atinge níveis estratosféricos.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Laurence Olivier - Hamlet
É-me difícil pensar em Hamlet e não me vir à memória o lendário "Hamlet" de Laurence Olivier. Neste filme de 1948, com direcção, produção e interpretação de Sir Laurence Olivier a Arte atinge níveis estratosféricos.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
"ÀS VEZES O INSTINTO INUNDA O INSTANTE" - Soares Teixeira
Às vezes o instinto inunda o instante com a sua própria
claridade. A lógica e a razão abandonam a partitura do ser e a melodia passa a
ser tocada com estranhas notas, súbitas e nunca imaginadas. Pode acontecer
ficarmos frágeis, balbuciando incógnitas e com os passos do sentir um pouco
trôpegos. Estamos habituados a alguma segurança íntima e a alguma firmeza nos
lábios – nos de carne e nos do pensamento. Às vezes, porém, acontece olharmos;
irmos; estendermos os braços; chamarmos, com a mesma certeza com que bebemos um
copo de água, mas… depois essa mesma água torna-nos pântano e afundam-nos em
nós próprios, na nossa dúvida. Será? Não será? Acreditar? Não acreditar? Que
cada um tome o caminho que lhe for mais fácil; há os incondicionais do
acreditar e outros nem por isso. Há certo tipo de incidentes com está máquina
falível, que somos, que ficam na memória. Há quem depois venha dizer: “tive uma
experiência”, os que dirão:”aconteceu-me uma coisa gira” e ainda os adeptos do:
”com essas coisas não se brinca”. Que tem razão? talvez Hamlet, que nos diz lá
do seu nórdico castelo: “Ser ou não ser, eis a questão”.
Soares Teixeira – 15-07-2013
(© todos os direitos reservados)
sábado, 13 de julho de 2013
"COMEÇO DE OLIVEIRA" - Soares Teixeira
(Foto de Stephenjmed)
As longas fitas coloridas
de onde nos desenrolamos
no decurso dos dias
e que nos permitem
respirar as extensões
do olhar e do pensamento
estendem-se e estendem-nos
até ao fim do promontório
que nos foi oferecido
a partir dai
essas longas fitas
cumprida a sua missão
envolvem-nos a face
depois todo o corpo
e recuam
levando-nos até ao íntimo
da distância sempre questionada
lá
no chão do grande poema
numa secreta sílaba do tempo
receberemos a água inicial
e baptizados pelo mistério
de novo nos converteremos
em começo de Oliveira
Soares Teixeira – 13-07-2013
(© todos os direitos reservados)
"ENQUANTO O ESPAÇO NÃO NOS RECUPERA" - Soares Teixeira
Enquanto o espaço não nos recupera, recuperemos - a cada
amanhecer - o perfume do trigo que somos. Chegará o dia em que sacudiremos os
nossos ramos e não os veremos, Olharemos depois o nosso corpo, espantados, e
perguntaremos pelas crinas, pelas asas, pelas ondas, pela chuva, pelo vento,
pelo vulcão; por tudo aquilo que era a nossa matéria. E agora? Perguntaremos ao
nos vermos despojados da metamorfose do quotidiano e do sentir. E agora? Que
sou eu sem corpo? Sem aquele corpo que me fazia ser múltiplo, não apenas em
pensamento. E agora? Os ossos; a carne; a pele; o gesto e o gosto da vontade concretizada,
onde estão? Enquanto o espaço não nos reclama, reclama-nos a intimidade de tudo
o nos observa, como se fossemos uma porta por onde é suposto entrar. Cumpre-nos
saber abrir essa porta e saber fechá-la – consoante as circunstâncias. É certo
que a maçaneta nem sempre é fácil, por vezes mete medo, queima e deixa ferida,
morde e deixa a carne exposta. Mas é esta intimidade que nos dá ímpeto bastante
para termos ramos, crinas, asas, ondas, chuva, vento e vulcão, em cada célula
do sol que habitamos e da lua onde sonhamos.
Soares Teixeira – 12-07-2013
(© todos os direitos reservados)
"O AMANHÃ ESTÁ DISPERSO NA ETERNIDADE" - Soares Teixeira
O amanhã está disperso na eternidade. A barca já navega,
rumo ao seu destino – ao teu destino, Luís. Agora o único som é o do diapasão
do mistério. Escuto Mozart, enquanto tento reunir algum entendimento disperso.
Aqui as coisas continuam como as deixaste; entre palavras, cordeiros e hienas o
mundo continuará a girar. Debruço-me sobre mim mesmo para observar alguns
promontórios, alguns arquipélagos, algumas aves marinhas. As ausências podem
ser uma espécie de presença forte. Acredito que sim. É bom irmos acreditando
nalguma coisa que nos ajude a não estar tão ausentes de nós próprios. A música
ajuda. Escuto Mozart. A música é aquela pátria onde todos nos reencontramos.
Não é necessário estarmos fisicamente perto uns dos outros para, através da
música, apertarmos a mão, sorrirmos, partilharmos o olhar e aceitarmos a
intromissão dos pássaros. Não me passa pela cabeça fazer outra coisa senão
escrever estas linhas e escutar música. Evidentemente que compreendes. É um
concerto de piano, a minha companhia - obviamente piano. Escolhi Mozart por uma
razão psicológica e sensorial; preciso de claridade. Há uma certa linha
comprida e clara que às vezes se torna necessária, como um fio que nos ajude a
chegar a qualquer lado, a sair de um qualquer labirinto ou simplesmente que nos
una a algo que está longe mas com uma proximidade latente. Evidentemente que
entendes. Dá-me um abraço. Um beijinho à Hermínia, um abraço ao Ricardo. Até um
dia.
(singela homenagem a Luís Manuel Sande Freire, que se ausentou deste mundo a 12 de Julho de 2013, aos 80 anos - um grande Amigo)
Soares Teixeira – 12-07-2013
(© todos os direitos reservados)
quinta-feira, 11 de julho de 2013
"LENTO O SOM PROPAGA-SE" - Soares Teixeira
Lento o som propaga-se, quase resto de eco, quase silêncio.
Ouve-se ainda, mas muito pouco. Dói. Na planície derradeira, árvores
translúcidas ladeiam uma flor de caule quebrado. Aguardam que o tempo vivido
seja tempo convertido em novo lírio. Tudo está recolhido dentro de si mesmo,
numa ordem própria do destino. O som, talvez de sino, quase desligado da
realidade é, contudo, um sulco de arado no sentir. Prepara-se a hora nova, preparam-se
as novas águas, prepara-se o reencontro. Uma flauta e um pano de linho estão
suspensos, junto da flor no limiar do eterno. Aguardam o momento em que hão-de
receber a nudez do espírito. Lento, o som quase não existe, apenas a sua
distância nos é frontal. Lento, o som quase se converte num rumor de ondas de
um mar desconhecido, a bater no casco de uma barca que aguarda pela viagem. Toda
a inteireza do enigma observa o tudo rente ao nada, o nada rente ao tudo. No
caule quebrado da flor está um embrião de unidade. Tudo tão frágil. Ainda habitas
a matéria, Luís – e amanhã?
Soares Teixeira – 11-07-2013
(© todos os direitos reservados)
terça-feira, 9 de julho de 2013
"O INSECTO VOOU" - Soares Teixeira
O insecto voou. Com ele voou também o olhar que se detivera
na pequena criatura. E o instante, suspenso, recomeçou; o insecto voltou a ser
uma princesa encantada e o olhar que o olhava viajou para uns lábios com sede
de poema. O tempo sorri, enquanto caminha, passeando a sua nudez. Sim, porque o
tempo está nu (nunca teve tempo para se vestir). E sorri, porque gosta de
estórias em que princesas encantadas olham com os seus grandes olhos de libélula
para olhos abertos a outros mundos. Entretanto há uns lábios que se tornam
asas, viajam pelas veias e saem pelos dedos; lábios transformados em palavras encantadas
que se espalham como pequenas libélulas.
Soares
Teixeira – 09-07-2013
(©
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