terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

George Gershwin - Rhapsody in Blue - Leonard Bernstein, New York Philharmonic (1976)




Com um especial abraço para os meus leitores nos Estados Unidos da América

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

"TANTAS VEZES" - Soares Teixeira



Tantas vezes
uma dor de braços ao segurar o telhado do quotidiano
mas é preciso continuar;
ser amável, sorrir
dizer coisas mais ou menos leves
ir com o vento até junto dos pássaros
e brincar com eles
acenar ao Sol com chapéu de nuvem
libertar um galo no silêncio
e um palhaço num verbo de olhar triste
continuar
lançar os dados para o além-lágrima
não deixar que a imensa pedra
se torne insustentável aos músculos dos dias
tantas vezes
a dor de resistir



Soares Teixeira – 06-02-2017
(© todos os direitos reservados)

sábado, 4 de fevereiro de 2017

"REFEIÇÃO" - Soares Teixeira



O meu corpo é um copo
com superfície de rio
bebo-me
sílaba a sílaba
minuto a minuto
bebo também
a voz dos girassóis
as ruas traçadas nos troncos das árvores
os comboios que invento
o céu futuro que me pede um gesto
e enquanto bebo
como fatias de horizonte barradas a Sol



Soares Teixeira – 04-02-2017
(© todos os direitos reservados)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

"LÁ NO ALTO" - Soares Teixeira



Lá no alto
estão os astros que eu observo
do chão do meu pensamento
nada há para dizer
guardo as palavras em óleo de silêncio
o espaço é uma balança onde fico sem peso
o tempo é um pomar que guardo no bolso
vejo-me
baixar a ponte-levadiça do desejo
e caminhar para junto de inícios familiares
aproximo-me
esta fruição da lucidez…
esta realidade…
tão belo
junto-me ao puro timbre do nada
que é tanto
e em mim vou
lentamente
como um navio de cálido encanto


Soares Teixeira – 02-02-2017
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

"LONGE" - Soares Teixeira



Hoje o fim do dia perguntou-me
que queria eu mais
respondi-lhe:
“Subir ao ramo mais alto de um poema
colocar o tempo dentro de uma concha
e proteger o silêncio da noite”
é isso que faço agora
longe de estátuas sujas de lodo
de vespas a somar ferroadas
e de vermes vestidos de palavras ocas



Soares Teixeira – 01-02-2017
(© todos os direitos reservados)

sábado, 28 de janeiro de 2017

"MANHÃ" - Soares Teixeira



Manhã
um pássaro voa
as nuvens são navios de silêncio no azul
ao contemplá-las aproximo-me
do ser praia ou árvore ou colina
a apetece-me beijar uma palavra na boca
um longo beijo que me saiba a infinito
o pássaro entra em mim
e estendo os braços
e deles sai a respiração do desejo
e junto os lábios à palavra universo
e num longo beijo
agradeço-lhe
este poema onde estou
este milagre de céu e mar





Soares Teixeira – 28-01-2017
(© todos os direitos reservados)