Incómodo. Há um excesso de pequenez a respirar os meus
instantes. Observo-a. Anda por aí a sobrar do espaço e a invadir a festa
alheia; a minha festa, para a qual apenas convidei aves migratórias. Que quer
essa asa incompleta, encurralada na ambição de sobrevoar as lonjuras? Na minha
festa bebe-se azul por cálices de transparência e comem-se pequenos pedaços de
sol molhados em horizonte; na minha festa escuta-se música tocada pelo vento em
instrumentos feitos de praias, árvores e montes, e ao som dessa música eu e os
meus convidados dançamos, apenas vestidos de leveza. Consinto que alguns centauros
a tocar flautas e acompanhados por duendes a fazer soar címbalos e pandeiretas
invadam a minha festa, permito também que algumas gotas de orvalho rolem entre
os meus convidados. O que eu não tolero é a intromissão de uma pequenez que nem
sequer merece ser nomeada. Enxoto-a. Vai-te!
Soares Teixeira – 06-07-2013
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