A FALÉSIA
A casa estava ancorada
à beira da falésia
mais alta do mundo.
Durante as tempestades
o vento empurrava-a
para a garganta do mar.
O abismo habitava
junto das nossas camas,
aberto, húmido e insaciável
como a minha fome de amor,
como a minha sede de terra firme.
As noites eram longas
para a costureira insone,
a jovem mulher de costas dobradas,
cabeça cravada no tecido
e os olhos cansados
à luz de uma vela quase eterna.
Essa jovem costureira era a minha mãe,
a mesma que coseu com o seu fio de voz
o meu vestido de poeta.
Lauren Mendinueta
A casa estava ancorada
à beira da falésia
mais alta do mundo.
Durante as tempestades
o vento empurrava-a
para a garganta do mar.
O abismo habitava
junto das nossas camas,
aberto, húmido e insaciável
como a minha fome de amor,
como a minha sede de terra firme.
As noites eram longas
para a costureira insone,
a jovem mulher de costas dobradas,
cabeça cravada no tecido
e os olhos cansados
à luz de uma vela quase eterna.
Essa jovem costureira era a minha mãe,
a mesma que coseu com o seu fio de voz
o meu vestido de poeta.
Lauren Mendinueta