Num secreto terraço
feito de um mármore de olhar e asa
feito de um mármore de olhar e asa
e que se estende a um antes e depois
deste livro onde somos escritos
caminhar
lentamente
ser a espera, ser a porta
e ser o choro que escorre da chama
e ser também
veludo e aço
e estátua que emerge de chão nocturno
e sol a brilhar nas colunas dos séculos
e perguntar a um astro
que anda perdido no peito:
sou um copo pensativo
a rodar nos dedos do vento?
sou o corrimão de bronze cinzelado
de alguém que vive a máscara
do ser e do não ser?
sou a água de que vigília? De que sono?
Num secreto terraço
sabermo-nos
um além vitória e além derrota
um além certeza e além erro
um além e aquém luz
além momento
Num secreto terraço
sabermo-nos
pálpebra nunca satisfeita
com o aproximar das coisas
e escapar
- fugir
Fugir
dentro de um poema
ser astronauta
ver outros mundos
descobrir-lhes as manhãs
e nelas recomeçar
Soares Teixeira – 18-12-2015
(© todos os direitos reservados)
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