Mais uma vez me encontrei
comigo mesmo frente a frente
eu e o outro como duas colunas
unidas pelo arco da palavra
o mesmo traço uno e múltiplo
na secreta curva que nasce
da distância em que me recriei
Mais uma vez aconteceu
plantei uma árvore no mar
e mergulhei nas suas raízes
até ao fundo de mim mesmo
onde jovens e ancestrais
estão os tremendos vulcões
que afastam secretos continentes
Mais uma vez ninguém viu
ninguém pressentiu
mas com um imenso brado
expeli lava e cinza
e afastei a pele do peito
para que no meio do meu oceano
palavras pudessem criar
a ilha poema
Soares Teixeira – 26-02-2013
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