terça-feira, 8 de maio de 2012

"ARY! HOMEM POVO PRESENTE!" - Soares Teixeira




Um grito desfraldado sobre o mar
Que é ribeiro a nascer noutra fronteira
Uma luta de palavra certeira
Que é sulco de coragem a jorrar

Uma espiga de trigo a começar
Uma lança atirada a uma fogueira
Um cavalo a correr numa bandeira
Um pássaro vermelho a madrugar

Luz de Abril braço a semear vontade
Alma e pulmões frontais ao sol e ao vento
Peito a cortar marasmo voz sem medo

Cântico a desfolhar a liberdade
Ary! Cravo a nascer no pensamento
Homem povo presente! homem rochedo!



Soares Teixeira

segunda-feira, 7 de maio de 2012

domingo, 6 de maio de 2012

"LUA" - Soares Teixeira





Lua
com o rosto encostado ao teu
sou um garanhão a galope
neste abandono de mim
para ser sangue do nosso corpo
Juntos entramos pela fenda do silêncio
como duas flores a caminho do exílio
e em nós cai o pólen do infinito
Leves são os ventos onde nos roçamos
límpidas são as luzes que nos observam
lento é o orvalho do tempo
que desliza nas nossas pétalas
Lua
fio de sonho com que me visto
luxúria abençoada pelos astros
boca que me beija e me transfigura
coxas que são morada
do arado que sou
na planura do nosso segredo
Amo-te!



Soares Teixeira

quarta-feira, 2 de maio de 2012

"NATÁLIA CORREIA" - Soares Teixeira






Natália
casulo de fina filigrana
que guarda uma borboleta
com olhar de ilha pintada a sonho
iniciática   enigmática   magmática
aquática
cisne lunar na liberdade dos longes
lira de ancas de fogo e rosas
ombros de anémona estrelar
lábios libertos em palavra de ouro
cabelos de cânticos antigos
sensual   primordial   frontal
surreal
gota de orvalho na pétala do mistério
lírio em madrugada irrepetível
pressentimento de irrequieta divindade
gesto de árvore a namorar o vento
Natália
na incandescente vitória de um verso
na ternura de uma flor singela
no infinito que se faz horizonte
no horizonte que se faz infinito
Natália
em nós   por nós
o sangue dum grito

 
 
Soares Teixeira