sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"HÁ ÁRVORES NASCIDAS DO LUAR" - Soares Teixeira


Há árvores nascidas do luar
há regatos em êxtase a cantar
há delírios com cheiro a mar
E existe o teu olhar
por onde se ascende ao infinito
e existe o teu gesto
que se confunde com o ardor do Sol
E existe o teu corpo
que é o eco de um grito
E existem estas veias
contentes, intensas e embaladas
E existe este corpo
rápido como um remo
que encurta as águas do instante
para que haja um só impulso
a florir do prazer
de sermos um só astro



Soares Teixeira

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

"VOANDO SOBRE OS AREAIS DA HISTÓRIA" - Soares Teixeira


Voando sobre os areais da História
um pássaro observa como se repetem
os sorrisos fáceis e as promessas em flor
os mesmos incautos - perdidamente confiantes
os mesmos inocentes, os mesmos chacais
tudo igual, tudo água da mesma fonte
e no seu peito invadido de horizonte
o pássaro já não guarda esperança
sente-se feliz por não ser abutre
e muito menos Homem



Soares Teixeira

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"O POETA E OS RATOS" - Soares Teixeira


Três ratos de olhar brilhante
como um estilete de aço
conspiram contra o poeta

Sete lágrimas afiadas
sete mares em cada braço
sete árvores plantadas
em sete palavras de aço
eis o poeta

De horizonte na lapela
com o amanhecer nos passos
com um sorriso a fazer de vela
e um toque de ironia
o poeta caminha
por trilhos de fantasia
espalhando verdades
que só outro poeta adivinha
e assim vai caminhando
por entre laranjais, mistérios
sonhos e adversidades
assim vai
seguido pelos ratos
que em três abraços
celebram a gorda maquinação

Assim é o mundo
assim gira e há-de girar
uma bola suspensa no ar
onde sempre haverá
um poeta a cantar
e três ratos a conspirar



Soares Teixeira