domingo, 30 de agosto de 2009

Medeia

Assisti ontem, no Teatro Romano de Mérida, a uma representação de Medeia, de Eurípedes. Blanca Portillo encarnou uma Medeia que ficará na história daquele teatro. Terrível, temível e intemporal, Medeia; a mulher que por amor a Jasão traiu o pai e matou o irmão; a mulher que não poude suportar a traição do marido; a mulher que matou os filhos; exilada no tempo; solitária, encontrou-se com o público para partilhar a sua história milenar. Ontem, em Mérida, numa superlativa direcção de Tomaz Pandur aconteceu Teatro na sua expressão máxima. Aristóteles conservou a ideia de que o Teatro deveria servir os interesses da Pólis. Eurípedes, o poeta da busca, foi mais além: libertou o teatro do seu carácter didáctico e religioso; Medeia tem nesse propósito um papel fulcral. Medeia conquista a cena, que antes fora dos deuses e envolve o espectador porque os seus sentimentos são humanos - terrívelmente humanos. Não há ali uma lição de virtude ou de moral - há uma vivência. Blanca Portillo foi uma perfeitíssima Medeia intemporal, aquela que existe em cada mulher ultrajada ao extremo. Bárbara e comovente Medeia viaja pelo tempo com os seus adorados filhos e, de vez em quando, encarna a livre escolha entre o bem e o mal, a brutal condição humana que faz com que o espectador sofra aquelas dores como se fossem suas. Ontem em Mérida aconteceu Medeia; uma Medeia inteligentemente contemporânea fazendo justa homenagem ao pensamento inovador de Eurípedes.


Abaixo um video retirado do Youtube sobre esta Medeia.



E agora uma avassaldora interpretação de Zoe Caldwell, em 1983.




Soares Teixeira

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Caravela

Portugal fez-se Caravela e a vontade construiu o possível. Erguido como trigo das águas um povo navegou muito para lá de qualquer espanto. O mar que o diga. E diz. Diz e dirá, pelos tempos dos tempos - na Língua de Camões.




Soares Teixeira

domingo, 23 de agosto de 2009

Ecce Homo

Só para ver este quadro vale a pena uma visita ao fabuloso Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Sempre que revejo este Ecce Homo tenho a mesma sensação de espanto perante a força que sinto emanar da pintura. É inevitável concentrar o olhar na visão daquele Cristo que, com um pano a cobrir a cobrir-lhe os olhos, transmite a mensagem de que está permanentemente a ver um mais além: um cosmos primordial e um cosmos cerebral, e um caminho e uma unidade. É um Cristo não a sofrer mas sim já para lá do sofrimento: um Cristo a Ver. A boca também não é de agonia mas uma boca onde se adivinham palavras. Tudo o que é exterior ao corpo e nos sugere martírio e santificação quase fica num segundo nível, por detrás daquele pano, que parece que também nos cobre. Apetece afastar ambos os panos e olhar Cristo, verdadeiramente olhos nos olhos.






Soares Teixeira

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Dança - Henri Matisse

Nesta pintura de Henri Matisse existe algo de primordial, quase sagrado. Estas mulheres em celebração evocam antigos rituais dum tempo de lendas e mitos em que os corpos pareciam florescer da terra numa nudez abençoada. Parecem estar no primeiro dia de si mesmas; criaturas recém-criadas ainda cor de barro, vindas de um céu de azul profundo que envolve um mundo de fantástico verde. A simplicidade do quadro: três cores, o circulo formado pelos braços das mulheres, a curvatura da terra e as curvas dos corpos, enfatiza todo o simbolismo e toda a dinâmica do instante. É um quadro quase fotográfico onde tudo se resume ao essencial, mas que entanto nos oferece qualquer coisa. Essa oferta é um lugar, e esse lugar está entre aquelas duas mulheres que não têm as mãos unidas, que quebram o círculo. Somos convidados a paricipar na dança, no ritual, na celebração, para que o círculo se complete, para que a unidade seja alcançada. Nesta dança que nos sacode o espírito quase podemos adivinhar uma diagonal entre o canto inferior esquerdo (por onde dá a sensação que somos convidados a entrar) e o canto superior direito (onde se pode adivinhar um observador para lá do quadro).
Olhando com atenção para este quadro o tempo torna-se subitamente jovem até quase deixar de existir e somos sacudidos pelo alvoroço de um Mistério nos observa, nos chama, e nos dança no peito.


Soares Teixeira

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

"HOMENAGEM A LENYA" - Soares Teixeira


Lenya chegou aos astros
E ao poisar na planície de luz
Nasceu uma flor no firmamento
E dela saiu um pássaro
Que uma brisa súbita recebeu
Lenya chegou! Lenya chegou!
Diz a ave para um búzio de cristal
Cantemos irmãs!
Eis Lenya!
A que tem no sorriso um roseiral!
Diz uma estrela
A todo o espaço sideral


Soares Teixeira

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Serra da Arrábida

Linda, linda, linda. Na Arrábida sente-se intensamente aquele apelo ancestral da Natureza, aquele horizonte espiritual que quase faz um nó na garganta, aquele êxtase por se estar mergulhado numa quimera real. A serra e o mar são dois seres que falam entre si, falam com o céu, falam com o tempo, e falam a todos aqueles que se disponibilizam a escutar aquele encanto selvagem e sagrado.








Soares Teixeira

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"LUA" - Soares Teixeira


Leve
Descendo
Pela leveza de um gesto
Plena de ausência
Ela veio
Até mim
Abraçámo-nos
E senti-a
Presente nas minhas asas
O lago reflectiu
O nosso romance
Eu uma imagem incerta
Ela imensa real Lua


Soares Teixeira

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Lamborghini Gallardo

Classe
Sofisticação
Exclusividade





Soares Teixeira

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sagres

Magnífica fotografia do Navio Escola Sagres, um dos mais bonitos veleiros do mundo.






Soares Teixeira

domingo, 9 de agosto de 2009

Marrakech

A Imperial Marrakech é sem dúvida uma cidade a não perder. Incontáveis e labirínticos Souks transbordantes de cor e animação; deslumbrantes Palácios onde as decorações dos estuques e das madeiras de cedro atingem o impensável; a inimaginável praça de Djemaa el Fna com os seus dançarinos, acrobatas, encantadores de serpentes, músicos, contadores de histórias, vendedores; tudo em Marrakech - a Nova Iorque dos Berbéres - nos leva ao mundo das Mil e Uma Noites.









Soares Teixeira

sábado, 1 de agosto de 2009

Pelo Sonho é que vamos

Detalhe de mural de azulejos na Praia da Poça. A autoria dos desenhos do belo mural é do Agrupamento de Escolas de São João do Estoril com a colaboração da Câmara Municipal de Cascais e da Junta de Freguesia do Estoril. No centro do painel pode-se ler: "Pelo sonho é que vamos" , título de uma obra do poeta Sebastião da Gama, que também foi professor de Português.
Muito, muito bonito. São muitos os desenhos, e muitas as mensagens que estão naquele painel.




Soares Teixeira