Admirável símbolo da EXPO 98 - acontecimento maior à altura de um país maior - a Torre Vasco da Gama aqui fotografada na plenitude da sua elegância. Colado a ela está a nascer o Torre Vasco da Gama Royal Hotel.
Uma preciosidade. António Gedeão, um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, autor de "Pedra Filosofal" aqui a dizer "Poema para Galileu". António Gedeão era o pseudónimo literário de Rómulo de Carvalho, grande pedagogo, investigador, historiador e professor de Físico-Química. Um homem que via poesia a florescer da ciência.
Bela, envolvente, plena, eterna, a noite guarda olhares e desejos. Medo, saudade, inquietação também. E também o espírito e os dedos do espírito, estendidos ao mais além. Também guarda estrelas. Às vezes pergunto-me se entre aquilo que guarda estará o compasso dos meus instantes. Vincent, creio que uma destas estrelas és tu, guardado por ti mesmo, dentro de ti mesmo.
Maio 2009. Verde. O azul não se vê, mas está lá, na luz. Vi uma folha na erva e resolvi guardá-la na minha sombra, dentro do bolso direito - o outro estava cheio com a carteira e as chaves do carro. Não me lembro o que levava vestido; não importa. O que me lembro é que me enchi de céu, depois baixei o olhar para o chão e guardei uma folha no bolso. Aquela sombra é azul.
Há livros que são quase seres humanos. Há livros que nos tornam mais humanos. Há seres humanos que são quase livros. Há seres humanos que nos tornam mais livro, mais biblioteca, mais horizonte. Hoje, na Feira do Livro, ao olhar para os stands das editoras e para as pessoas, senti isso mesmo. Havia festa nos olhares e nos gestos. As pessoas olhavam contentes para os livros e o simples pegar neles era um acto de felicidade. Os livros também me pareceram bastante felizes por poderem ver tanta gente e tocar em tantas mãos. Quando cumprimentei Luís Sepúlveda, depois de ele me ter autografado uma das suas obras, senti brotarem-me palavras nas pupilas. Enquanto observava Malangatana fazendo um desenho num livro que lhe pedi para autografar sentia-me na cauda dos gestos do Mestre. Quando encontrei amigos falámos a sorrir, como quem abre páginas no peito, e com isso se sente mais humano. É bom este sentimento e nem sequer pensar porquê. Civilização.
Hoje lembrei-me da titi. Sim, da tia Patrocínio. Escura, descarnada, beata do primeiro ao último neurónio, lá estava ela junto do seu riquíssimo oratório, quase desfalecendo de emoção. O sobrinho Teodorico, antevendo-se já herdeiro da insuportável e temível velha, solenemente anunciara que lhe havia trazido de Jerusalém… a coroa de espinhos. Exactamente! Essa mesmo! A santa coroa de espinhos que os algozes de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe colocaram sobre a cabeça para sua maior humilhação e padecimento. A santa coroa dentro dum pequeno caixote de madeira feito com… os pregos da Arca de Noé. Quase consegui ver os dedos secos da criatura, tentaculares, a tremer de comoção, desfazerem o laço do embrulho que estava dentro da caixa e depois erguerem – para horror geral, e nosso deleite – a camisa de dormir da Mary. Quase consegui ver o semblante petrificado de Teodorico, incrédulo, sem nada que o pudesse amparar naquele mergulho pelos abismos. Que vontade de lhe estender a mão, de o felicitar pelos momentos de prazer com a bela Mary, e sair com ele dali para fora, para o mundo, deixando a titi a esvair-se em ais de incenso e cólera. Ah Eça dá cá um abraço! Soares Teixeira
Tirei esta fotografia em Abril de 2008, em Sevilha, no Real Alcazar. Era altura de Feira. Estava um dia cinzento. Havia muitas nuvens no céu, e em mim porque me doía uma perna. Sentei-me à beira de um lago. De repente reparei que entre as nuvens andava... um peixe vermelho.
Em 1953 Vincente Minnelli dirige "The Band Wagon". Esta é uma cena de que particularmente gosto. Fred Astaire e Cyd Charisse, absolutamente insuperáveis. Uma vertigem de talento e... pernas!