segunda-feira, 30 de novembro de 2020

"QUIETUDE" - SOARES TEIXEIRA


Diz-me o mar

que sou um veleiro

a nascer do vento


Pede-me o olhar

para içar as velas

do pensamento


Beija-me o vagar

em gesto terno

e lento



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Soares Teixeira-25-11-2020

(© todos os direitos reservados)



terça-feira, 10 de novembro de 2020

"DUAS PALAVRAS" - SOARES TEIXEIRA

“Nós dois”
duas palavras que de mãos dadas
caminham em silêncio
sem pressa

paramos numa praia
combinamos ser poema
e selamos o compromisso
acendendo-nos num beijo

brilham os olhos do céu e do mar
o azul expande-se a todas as letras

tornamo-nos ondulação sobre a areia
sem pressa
“Um barco”
duas palavras

vamo-nos escrevendo
as sílabas dos gestos são intensas
no céu
pássaros em espirais
cantam o nosso poema


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Soares Teixeira – 10-11-2016
(© todos os direitos reservados)

sábado, 31 de outubro de 2020

"UNIDADE" - SOARES TEIXEIRA


O céu e o mar

unidos

pelas palmas das mãos


À proa do meu navio

observo o horizonte

longamente

até que eu e o tempo

deixamos de sentir

o mesmo vento

Chego em alvorada

ao fim do promontório

que de mim se estende

Não sei se estou só

ou acompanhado

por asas de fronteiras

Uma saudação antiga

vem beijar-me a testa

Imóvel

sou a linha que desperta

de uma geometria adormecida

e a ânfora que guarda

a vastidão derramada

e a passagem que se abre ao pólen

e o fragmento oco

e o silêncio esquecido

e a alma de entranhas desfiadas

Em mim

a claridade sorri

ao abraçar a sua irmã;

aquela claridade que me alimenta

e de que sou alimento

E faz-se unidade

tudo o que está nos dedos do Sol


E o céu e o mar

tornam-se mãos abertas

para me abraçar



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Soares Teixeira-26-10-2020

(© todos os direitos reservados)


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

"MOZART" - SOARES TEIXEIRA


Tão belas

as esvoaçantes varandas

onde os anjos cantam


Quem as constrói assim?

quem as faz voar?

quem põe os anjos a cantar?


Mozart

responde aos pássaros

o meu rosto iluminado



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Soares Teixeira-22-10-2020

(© todos os direitos reservados)





"XÁCARA DAS BRUXAS DANÇANDO", CARLOS DE OLIVEIRA - MARIA DE JESUS BARROSO

 




Maria de Jesus Barroso, uma das minhas grandes referências da Arte de Dizer. Extraordinária dicção e belíssímas interpretações quando se entregava à Poesia. A primeira vez que me cruzei com esta Grande Senhora foi numa recepção na Embaixada do Brasil em Lisboa. Quando a ouvi, de muito perto, ler alguns poemas de um livro de poesia do saudoso amigo Dr. Carlos Carranca, por ocasião do seu lançamento, fiquei fascinado. Ficaram lendárias as suas arrebatadoras declamações nos tempos negros da Ditadura, quando os Bravos enfrentavam corajosamente o negrume. 


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

FÁTIMA, 13 DE OUTUBRO DE 2020

 

FÁTIMA, 13 DE OUTUBRO DE 2020


COM TODO O MEU RESPEITO


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

"PÓ" - SOARES TEIXEIRA


entro num ponto de interrogação

percorro-lhe a forma

pergunto-lhe o que há no seu interior


responde-me

respondo-me


há um nada tudo

há um nunca sempre

há um dentro fora

há um útero que é vulcão

há lava expelida

há caos e turbilhão

há eixo e rotação

há o que se afasta

há o que se aproxima

há o que se cruza

há o acaso

há o destino



como sair do ponto de interrogação


há a câmara lenta da ilusão

há o tarde e o cedo

há o silêncio


há a pergunta

como sair do ponto de interrogação



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Soares Teixeira – 08-10-2020

(© todos os direitos reservados)