Diante de mim uma árvore
o seu sorriso
visto de frente
ou de qualquer ângulo
tem o mesmo rio
e o mesmo estuário
sem aquela vil brancura
encardida
que vejo no rosto de alguns animais
racionais…
sim…racionais…
mas nódoas na mesa de qualquer céu
antes o vinho derramado por falsos deuses
que os conspurcados sons
de uma lira tocada por gente de escamas ocultas
antes a flacidez de velhas prostitutas
que o aprumado gesto
da obscena malícia dissimulada
como as árvores!
como as árvores… sim…
como as árvores é que deviam ser
em árvores é que se deviam transformar
os que se contorcem em volúpia de mentira
e crescem em volutas de pântano e presunção
se enquanto gente
apenas sabem rastejar e rasgar gente
então que se transformem em algo decente
e árvores sejam
árvores… sim…
frondosas e sem recusar ramos aos pássaros
Soares Teixeira – 29-12-2015
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