Sol
visto a túnica do alvorecer
adorno a cabeça com chifres de
vento
coloco ao peito o meu colar de
tempo
enfeito os braços com as minhas
pulseiras de além
e estendo os braços para receber
cada palavra tua
Sol
olha-me através da minha
transparência
observa a pedra suspensa e
sobre ela a árvore
suspensa também
olha-me através da minha
respiração
observa o caminho e sobre
ele o touro
suspenso também
olha-me através da minha
razão
observa o mar e sobre ele a
ilha
suspensa também
abre-te música
e recebe-me nas tuas
flautas
abre-te dança
e recebe-me no segredo vivo
dos teus gestos
abre-te aliança
e recebe-me nas portas
abertas pelos pássaros
Sol
a minha eternidade é ser
este agora em ti
o meu horizonte é ser esta
onda em ti
o meu destino é estar aqui
por ti
Sol
belos os teus longes sem
medida
belas as presenças e
ausências que unificas
belo o silêncio com que
santificas
Sol
Soares Teixeira – 28-04-2014
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