segunda-feira, 10 de junho de 2024

CAMÕES - 500 ANOS - INAUGURAÇÃO PLACA COMEMORATIVA





 Foto tirada hoje junto da estátua de CAMÕES, em Lisboa, após inauguração da placa comemorativa do V Centenário do seu nascimento. Disse o soneto 'AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER" e agradeci ao Génio.





sábado, 1 de junho de 2024

NO REINO DA ÁGUA O REINO DO VINHO - LUIZA NÓBREGA

 


- Extraído da página de Facebook da Professora Luiza Nóbrega:


Com o consentimento do autor, Soares Teixeira, publico o comentário que ele me enviou, em ressonância à sua leitura do meu livro No Reino da Água o Rei do Vinho. Um texto que me diz mais, e mais me gratifica, do que certos comentários insossos e anêmicos de acadêmicos avaros.
Professora Luiza Nóbrega, já terminei de ler o seu livro ‘NO REINO DA ÁGUA O REINO DO VINHO’ – Submersão Dionisíaca e Transfiguração Trágico-Lírica d’Os Lusíadas. Não terminei de estar com ele porque a enormíssima extensão e qualidade do seu conteúdo tem proporções oceânicas, que obrigam o leitor/viajante a elas regressar – assim o farei; o que ‘ficou’ assim o exige. Estudos desta profundidade e abrangência merecem, e devem, ser alvo de análise por parte de especialistas – o que não é o meu caso. Digo, porém, que em mim o universo de ‘Os Lusíadas’, onde o fascínio da descoberta e o hipnótico encantamento extravasam do sensorial e do temporal, mais se expandiu através da leitura do seu Estudo. A poliédrica transcendência da Obra magna da Língua Portuguesa, tem reflexos sempre insuspeitos, resultado de Camões em ‘Os Lusíadas’ a pretexto de…, ir falar de…, como pretexto para…, e assim nos puxar para uma intensa revolução íntima. Cumpre aos Mestres erguer o facho da luz para mostrar horizontes e propor caminhos; a Professora Luiza Nóbrega em ‘NO REINO DA ÁGUA O REINO DO VINHO’, fê-lo, com brilhante persistência onde proposições e metodologias apelam a competente análise a divulgação visto configurarem-se como prolongamento dos monumentais estudos de Jorge de Sena.
Após viajar pela sua Obra sento-me num penedo junto a um mar revolto. Água. Olho-a. Vejo, revejo. Fundo-me na inquietação do mar e penso. Métrica estrófica em ondulações que se sucede a duas vozes, duas faces, onde o aparente faz apelo ao labiríntico; vários eixos temáticos, que como colunas ligam profundezas de mar e céu, claro e escuro, realidade e ficção; semântica que tem de se beber lentamente depois de colhidas as uvas a descobrir; o Poeta, o homem, as personagens, os mitos, as metamorfoses; as palavras e as suas ressonâncias, o que é convés e o que vai nos porões, o que é quilha e o que é vela, o que é rasto e o que é além; inspiração, desafio, vingança, violência, astúcia, sofrimento; forja de prazeres e contraditórios, interminável rio de águas trágicas e líricas, juntas num só caudal; desejada parte oriental, desejado grito, desejada justiça; veículo de exaltação nacional, de crítica política e social, de relativismo, de sortilégio, veículo de uma voz de aurora e crepúsculo, veículo de tempos; forças a serem medidas com o Outro e a propagar(em)-se pelo(s) grande(s) teatro(s) do(s) mundo(s). E sempre mais…, o além… Leio, navego, ondulo, perco-me, volto atrás, medito, penso, questiono e questiono-me, uma e outra vez, procuro rumos, fecho os olhos, lembro-me de muita coisa que aprendi; da vida, de mim, do Oficial Engenheiro Maquinista da Marinha Mercante que fui - isso recordo até não sei que que mar, que dor azul (minha e de tantos). Queria ser objectivo, Professora Luiza Nóbrega, queria, pelo tanto que me deu através do seu estupendo livro, ser a(s) palavra(s) que o autor espera do leitor. Fico incomodado por este meu aquém, que não é de forjar elegâncias - e tal seria inútil ante a perspicácia de quem voa sobre as mais altas cordilheiras. No saquinho de couro que trago preso à cintura de humilde marinheiro tenho para lhe dar um ‘Parabéns’, um ‘Obrigado’, e uma palavra em branco onde cabe toda a sorte do mundo.
Camões, tu dóis-me por estares tanto aqui, quase quebras os ossos das mãos daqueles que puxas contra o peito das tuas palavras, contra o teu peito. Ainda bem que há gente que te segura no rosto, te observa com amor e te procura entender e dar a entender porque és sangue do nosso sangue e alma da nossa alma. Soares Teixeira.



terça-feira, 21 de maio de 2024

O POETA, MANUEL ALEGRE - SOARES TEIXEIRA

 




“O POETA”
 
Ele aprendeu o preço exato da canção.
Seus pulsos estão abertos e a vossa boca bebeu
o sangue puro de uma vida.
Que mais quereis de um homem?
Vós não podeis roubar-lhe esse luar na alma.
Vós não podeis mais nada. É um homem a cantar
Um homem que sorriu aos tambores noturnos
dos vossos cárceres depois cantou
de pé no seu poema.
 
Vinde com vossas leis e vossas máscaras
vossas palavras cheias de fantasmas.
Nada podeis. O medo nunca pôde nada.
Vós não podeis despir um homem que está nu.
 
Pendurai-lhe no sexo uma coroa de espinhos
ele fará na própria dor um filho mais robusto
porque ele é pai de alegria
ele povoa a solidão de raparigas
as suaves raparigas que trazem no ventre
a cidade dos homens.
 
Vinde com vossas máscaras e vossos tribunais
e os mortos-vivos que recitam os parágrafos
do livro das sentenças.
 
Vós não podeis mais nada. É um homem a cantar
um homem que está nu com todos os seus músculos
a soluçar numa guitarra destroçada
e todavia iluminada e viva.
Um homem que sorriu aos tambores noturnos
dos vossos cárceres depois cantou
de pé no seu poema.
 
Vós não podeis mais nada.
É um homem que merece a poesia.
 
 
Manuel Alegre
in, "Praça da Canção"




domingo, 12 de maio de 2024

25 ABRIL 50 ANOS 50 POETAS - SOARES TEIXEIRA

 



25 ABRIL 50 ANOS 50 POETAS - Minha homenagem aos 50 anos do 25 de Abril, a Salgueiro Maia, à Liberdade, à Diversidade, à Poesia. Também a Luís de Camões, nos 500 anos do seus nascimento.


terça-feira, 7 de maio de 2024

NONA SINFONIA DE BEETHOVEN - 200 ANOS



A 7 de Maio de 1824 - cumprem-se hoje 200 anos - estreou-se em Viena a Nona Sinfonia de Beethoven. Esta revolucionária Sinfonia nº 9 foi um sucesso imediato e continua a ter uma enorme relevância em todo o mundo. O tema do último andamento, que recebe o nome de "Ode à Alegria", foi rearranjado pelo maestro Herbert von Karajan para se converter no hino da União Europeia. A Nona Sinfonia de Beethoven (1770-1827), foi a primeira obra musical a ser incluída pela UNESCO na Lista da Memória da Humanidade. A partitura original da Nona Sinfonia é igualmente Património Cultural da Humanidade. Aquando da sua estreia já Beethoven se encontrava completamente surdo ( em 1814 deixou de se apresentar em público, não tendo sido solista do seu famoso concerto de piano conhecido como 'O Imperador' ). O desespero do grande Génio musical ficou bem expresso no famoso Testamento de Heiligenstadt. A história diz-nos que Beethoven dividiu a regência com o maestro indicado para conduzir a orquestra (que tinha indicações expressas para ignorar o compositor), e que quando a sinfonia terminou ainda Beethoven estava a reger, tento sido interrompido por uma cantora que lhe tocou no ombro. O público aplaudia freneticamente e agitava lenços - para que Beethoven se apercebesse do seu sucesso, já que não podia ouvira a estrondosa e prolongada ovação. Diz-nos ainda a história que Beethoven saiu do Teatro profundamente comovido. No Filme biográfico "Minha Amada Imortal", de 1994, que conta a história do Génio de Bona, é particularmente emotivo o episódio a que me refiro. Hoje foi o ponto alto das celebrações da importante efeméride, nomeadamente em Viena e Bona. Há uns anos, em Bona, visitei demoradamente a Casa Museu onde nasceu o Génio e terminei a visita num estúdio onde, através de uns auscultadores, escutei a Nona e outras obras do Mestre, grande parte do tempo a olhar para a janela do quarto onde Beethoven nasceu, que tem no centro uma coluna com o seu busto e a cuja entrada - vedada por um cordão - prestei homenagem colocando um joelho no chão, de cabeça baixa (não fui o único).  

 

quarta-feira, 27 de março de 2024

HARPA - SOARES TEIXEIRA

 

HARPA - SOARES TEIXEIRA

 

HARPA
 
Teatro…,
laranja em  chamas que atirei para longe,
outros que quis fora de mim
antes que em mim fossem arestas cortantes,
taça cheia de um espaço
onde vi a capital do meu imaginário
desfazer-se num exílio de brumas,
pantera e planície
que o relâmpago separou.
Não lamento…,
ignoro quem seria aquele que não fui
e nem sequer o quero ver no avesso
da minha imagem reflectida num espelho,
o que foi, foi,
e o que sou é este e não outro.
Num verso…,
aí consinto que vinho e sangue
venham de um lugar longínquo e se entranhem
na harpa com que respiro as palavras,
aí, e só aí,
me permito asas para ser alcoólico
de azuis desassossegados
 
 
Soares Teixeira – 27 de Março de 2024
- Dia Mundial do Teatro -
(© todos os direitos reservados)


quinta-feira, 21 de março de 2024

DIA DA POESIA - POETRY DAY - SOARES TEIXEIRA

 

DIA DA POESIA

DIA DA POESIA
 
 
“Hoje é o dia da Poesia”,
disse uma árvore, logo pela manhã,
estendendo demoradamente todos os ramos
que assim abraçaram
os ramos de outras árvores,
que por sua vez foram repetindo
os mesmos gestos e as mesmas palavras
 
Foi uma onda de saudações e abraços que partiu
de uma árvore, no centro da floresta,
e se propagou para lá do verde;
até aos rios, e para lá dos rios,
até às montanhas, e para lá das montanhas,
até aos campos, e para lá dos campos,
até às pessoas, e para lá das pessoas
 
Poesia…, Poesia…, Poesia…,
foi a palavra com maior eco,
a que ficou a soar por todas as lonjuras,
e por isso a mais ouvida
Poesia…, Poesia…, Poesia…,
foi o véu que voou pelos espaços,
e se tornou o cântico da diversidade
 
Os astros observaram
a nova luz que envolveu a Terra,
e chegou-lhes esse eco longínquo, mas claro:
Poesia…, Poesia…, Poesia…,
e deram abraços secretos, repetindo:
Poesia…, Poesia…, Poesia…,
até ao infinito
 
 
 
Soares Teixeira – 21 de Março de 2024
(© todos os direitos reservados)


POETRY DAY


"Today is Poetry Day",
said a tree early in the morning,
lengthily extending all the branches
which then embraced
the branches of other trees,
which in turn repeated
the same gestures and words
 
It was a wave of greetings and hugs that began
from a tree in the centre of the forest,
and spread beyond the green;
to the rivers, and beyond the rivers,
to the mountains, and beyond the mountains,
to the fields, and beyond the fields,
to the people, and beyond the people
 
Poetry..., Poetry..., Poetry...,
was the word with the greatest echo,
the one that rang out far and wide,
and therefore the most heard
Poetry..., Poetry..., Poetry...,
was the veil that flew through space,
and became the song of diversity
 
The stars observed
the new light that enveloped the Earth,
and this distant but clear echo reached them:
Poetry..., Poetry..., Poetry...,
and they gave each other secret hugs, repeating:
Poetry..., Poetry..., Poetry...,
to infinity

© Soares Teixeira