Gosto do infinito
e,
de à minha maneira, o imitar
sabendo
que jamais o conseguirei
mas
hoje não me sinto disponível
para
gostar do infinito;
hoje
sinto o infinito engarrafado
e
não quero imitá-lo,
porque
talvez conseguisse
Eu,
que gosto tanto do infinito
e,
de à minha maneira, o imitar,
mesmo
sabendo que jamais passarei
de
passos descalços no intervalo
de
dois nadas,
hoje
sinto-me uma gaveta cheia
de
talheres inúteis
porque
dentro da minha boca
volumosas
grades ocupam todo o espaço
O ar
jovem dos instantes não existe,
os
lugares estão cabisbaixos, tristes,
as
coisas, sem dedos, não me tocam
Sombra
que se cansa a si própria
Tempestade
a despertar de um sono
Nem
as flores são como é seu costume
Gosto
do infinito
Gosto
de ficar à escuta das respostas
às
minhas perguntas,
e
hoje isso não é possível
porque
não consigo
escutar essas respostas,
hoje os sons são outros,
hoje
não me consigo ver longe,
naquele
ainda muito longe,
naquele
longe que nunca chega,
naquele
longe que me chama,
naquele
longe onde gosto de viajar,
hoje
há um peso onde não me aguento
existir
Tenho
medo
E eu
preciso tanto do infinito
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Soares
Teixeira-25-02-2022
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(a pensar na guerra na europa de leste)