terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

"OS CAVALOS" - SOARES TEIXEIRA


Parecem tão definitivos

os cavalos

quando correm em liberdade

pelas planícies

Não receiam nenhum chão

não temem nenhum vento

não se negam a nenhum horizonte

Belos

em cada músculo

em cada movimento

em todas as certezas

As paisagens

vão ficando

debaixo das suas patas

O tempo

cheira-lhes as crinas

e tenta abraçar-lhes o pescoço

mas não consegue

porque eles são mais velozes

que pensamentos

que estes meus pensamentos

vindos não sei de que águas

de que recantos ou de que caminhos

Nesta nudez de alma

partilhada não sei com que astro

preciso destes meus cavalos;

de os ver nascer

de os sentir surgir

alados

de um qualquer lugar no universo

para depois poisarem

nas minhas planícies mentais

belos

preciso de vê-los correr

livres

no meu chão de cicatrizes

que eles não receiam, não temem

e a elas não se negam

Corram, corram meus cavalos

para que eu vos inveje a liberdade

para que eu não desista de vos amar e seguir

para que eu não desista de mim

Venham, cavalos meus

de um qualquer sol

ou de um qualquer verso

venham

erguer-me em mar a ondular e a voar

no céu que eu escolher




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Soares Teixeira-09-02-2021

(© todos os direitos reservados)



domingo, 31 de janeiro de 2021

FRANZ SCHUBERT

 



GLÓRIA A SCHUBERT


O Impromptu nº 3 numa soberba interpretação de Vladimir Horowitz









sábado, 9 de janeiro de 2021

PEIXES - SOARES TEIXEIRA

 


Esta fotografia foi tirada há 10 anos, recorda-me uma rede social. Eu e a minha Amiga Garda (fantástico talento musical) num dos muitos eventos a que na altura ia - por dever, porque convite, ou porque calhava. Espero que numa "Era pós Covid" a minha/nossa normalidade regresse.
Acabámos de recordar este encontro ao telefone numa conversa que, como hábito, terminou com a minha leitura/declamação de vários poemas. Dez anos passaram - coincidência? - uma alegria enorme ao ser agradavelmente surpreendido com a manifestação de apreço por poema meu, por parte de uma Imensa Figura Artística que tem deslumbrado o mundo. (por recato não revelo o nome).

Mas porque o tempo que vivemos é triste e de reflexão aqui deixo:

 PEIXES


Vamos pelo tempo

como peixes

lançados num rio

e as águas mudam

e fazem-nos mudar


Os dias constroem casas

feitas de instantes

onde todos entramos e saímos

como convidados

do inevitável


Peixes diversos

deixamos correr

por nós adentro

as águas

que nos aproximam do mar


Todos temos uma porta

com uma rã a coaxar 

as coisas do seu lago

sem saber quando rodarão

as dobradiças do tic-tac



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Soares Teixeira-08-01-2021

(© todos os direitos reservados)






quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

BEETHOVEN - 250 ANOS



 (Bona, batizado em 17 de Dezembro de 1770 — Viena26 de Março de 1827


Faz hoje 250 anos que o imortal Beethoven foi baptizado, em Bona. Génio absoluto, símbolo da Liberdade, Beethoven revolucionou por completo a música. Apesar da trágica surdez que cedo o atingiu, Beethoven nunca deixou de ser um trabalhador incansável. Inconformado, indomável, genial, Beethoven legou à Humanidade um património que vai muito para além da sua sublime música. Dignidade, coragem, fraternidade, alegria, são luzes que emanam fortemente da sua mais emblemática obra: a fantástica Nona Sinfonia.



segunda-feira, 30 de novembro de 2020

"QUIETUDE" - SOARES TEIXEIRA


Diz-me o mar

que sou um veleiro

a nascer do vento


Pede-me o olhar

para içar as velas

do pensamento


Beija-me o vagar

em gesto terno

e lento



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Soares Teixeira-25-11-2020

(© todos os direitos reservados)



terça-feira, 10 de novembro de 2020

"DUAS PALAVRAS" - SOARES TEIXEIRA

“Nós dois”
duas palavras que de mãos dadas
caminham em silêncio
sem pressa

paramos numa praia
combinamos ser poema
e selamos o compromisso
acendendo-nos num beijo

brilham os olhos do céu e do mar
o azul expande-se a todas as letras

tornamo-nos ondulação sobre a areia
sem pressa
“Um barco”
duas palavras

vamo-nos escrevendo
as sílabas dos gestos são intensas
no céu
pássaros em espirais
cantam o nosso poema


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Soares Teixeira – 10-11-2016
(© todos os direitos reservados)

sábado, 31 de outubro de 2020

"UNIDADE" - SOARES TEIXEIRA


O céu e o mar

unidos

pelas palmas das mãos


À proa do meu navio

observo o horizonte

longamente

até que eu e o tempo

deixamos de sentir

o mesmo vento

Chego em alvorada

ao fim do promontório

que de mim se estende

Não sei se estou só

ou acompanhado

por asas de fronteiras

Uma saudação antiga

vem beijar-me a testa

Imóvel

sou a linha que desperta

de uma geometria adormecida

e a ânfora que guarda

a vastidão derramada

e a passagem que se abre ao pólen

e o fragmento oco

e o silêncio esquecido

e a alma de entranhas desfiadas

Em mim

a claridade sorri

ao abraçar a sua irmã;

aquela claridade que me alimenta

e de que sou alimento

E faz-se unidade

tudo o que está nos dedos do Sol


E o céu e o mar

tornam-se mãos abertas

para me abraçar



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Soares Teixeira-26-10-2020

(© todos os direitos reservados)