O céu e o mar
unidos
pelas palmas das mãos
À proa do meu navio
observo o horizonte
longamente
até que eu e o tempo
deixamos de sentir
o mesmo vento
Chego em alvorada
ao fim do promontório
que de mim se estende
Não sei se estou só
ou acompanhado
por asas de fronteiras
Uma saudação antiga
vem beijar-me a testa
Imóvel
sou a linha que desperta
de uma geometria adormecida
e a ânfora que guarda
a vastidão derramada
e a passagem que se abre ao pólen
e o fragmento oco
e o silêncio esquecido
e a alma de entranhas desfiadas
Em mim
a claridade sorri
ao abraçar a sua irmã;
aquela claridade que me alimenta
e de que sou alimento
E faz-se unidade
tudo o que está nos dedos do Sol
E o céu e o mar
tornam-se mãos abertas
para me abraçar
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Soares Teixeira-26-10-2020
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