quinta-feira, 20 de julho de 2017

"RIMAS" - Soares Teixeira



Viagem rima com pensamento
Sol rima com criança
árvore rima com chão
e eu? rimo com quê?
com que melodia?
com que pintura?
com que número?
não sei
nem me importo
porque sei que jamais saberei
a profundidade do meu eixo
quanto à altura?
basta-me o sentir-me pássaro.
Há rios esfomeados de mar
e eu sou um deles
Há condenados que transportam aos ombros
cestos a transbordar de estrelas
e eu sou um deles
Há olhares que são lábios entreabertos
a rimar com chamamentos
e eu sou um deles


Soares Teixeira – 20-07-2017
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 6 de julho de 2017

"AUDÍVEL" - Soares Teixeira



Rente ao irrecusável
faço-me espaço
e a minha pátria
é a distância
por isso levo nos cabelos
sonhos de grandes asas
Às vezes dói
o tanto ser planície
com raízes a perfurar o peito
dói…
e nenhum caule por alento
e nenhuma flor por esperança
dói…
Mas ali
ali onde o ar guarda búzios de luz
ali está a praia que chama por mim
por isso vou
por isso sou
a mesa onde gomo e gume
saúdam o cálice que está no outro vértice
por isso sinto tão audível
o cântico de novas geometrias
por isso não me nego
à viagem
e vou existindo
no horizonte


Soares Teixeira – 01-07-2017
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 5 de julho de 2017

quarta-feira, 21 de junho de 2017

"BRANCO" - Soares Teixeira



O branco estende os braços
e eu percorro a página
onde palavras vivem

enquanto leio
junto-me ao bando
das aves lentas

talvez os meus lábios se abram
em estranho ângulo
talvez os meus olhos se alonguem
em rajada de vento

o livro dá-se-me a ler
e eu vivo-o
com um enorme começo no peito

e acredito
que todos temos um corpo branco
onde o Destino escreve



Soares Teixeira – 21-06-2017
(© todos os direitos reservados)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

"O PRAZER" - Soares Teixeira



O prazer
de não mutilar a luz do sonho
de não arrancar a relva dos astros
de não separar os ritos dos promontórios

O prazer
de escutar a voz do trigo
de encontrar abrigo no vento
de ser leme de água e canto

O prazer
de procurar dentro dos penhascos
a árvore que habita no exílio do peito
e o sol que é ilha no mar de um verso

O prazer
de ser dúvida na curva da estrada
e parar para beber leite da vaca translúcida
e prosseguir… sem ruído nas asas…

 
Soares Teixeira – 19-06-2017
(© todos os direitos reservados)

segunda-feira, 5 de junho de 2017

CARAVELAS E NAUS





O início da globalização