Um braço sobre os ombros do universo
outro braço sobre os ombros de uma árvore
assim caminho amparado
assim subo e desço as escadas da minha torre
feita de carne e pensamento
com as paredes cobertas de hera de mistério
e mil janelas de asas abertas
Acredito no belo e no infinito
por isso nos meus bolsos há sempre peixes
e nuvens e harpas e perfumes e baloiços
que ofereço às cigarras da luz
e ao repouso das sombras
Acredito na ilha encantada
e no sangue dos marinheiros que viajam em navios de vento
e nos secretos passos de casais de unicórnios brancos
e nos suculentos frutos acesos ao longo da estrada da sede
e em portas de bronze abertas pelos mais minúsculos insectos
E acredito nas romãs e nas rosas
e nos amantes que se mordem de prazer
e no vinho que atravessa a garganta dos boémios
e nas cantigas e nos bailes e nas gargalhadas
Se eu não passar as mãos por estas águas
como saberei que atravesso uma ponte chamada vida?
Amparado pela nudez do universo e das árvores
aqui e além
acredito ser aquele que o amor entregou à viagem
Soares Teixeira – 22-03-2016
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