Quando se lhe referiam como “a velha”
olhava-se ao espelho dos instantes
e via-se como uma flor de caule quebrado
era inevitável essa visão – ela sabia-o
mas a viagem pelos muitos invernos
dava-lhe aquele porte de árvore rodeada de planície
e no sorriso dos seus lábios
havia mãos exímias na arte de tocar a harpa dos dias
por isso o olhar do sol e das flores
gostava de habitar as suas pupilas
por isso as feridas de muitos mais jovens em idade
viam nela um secreto bálsamo – todos o sabiam
Soares Teixeira – 13-02-2016
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