Suspensa
a lua brilha
há nela um sorriso de milénios
fascinados
poderíamos ficar nesse repouso
mas…
e quando
abrimos os reposteiros do olhar?
ah!
então aí
ela surge
- viva eclosão de esplendor -
sobre a mão do enigma
e aquilo que dela se liberta
e nos liberta
é um sangue de origem
um braço primordial
um sopro
de espaço para lá do espaço
de tempo para lá do tempo
de Ser para lá do Ser
inevitável
não sentir na boca
o pão do espanto
e o vinho da festa
inevitável não celebrar
nem espuma nem chuva
nem linha nem margem
apenas
o esvaziarmo-nos num ventre
e esperar que o vento dos promontórios
revele o poema original
Soares Teixeira – 27-07-2015
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