No estuário do olhar
o mar
inexplorado ondular de mitos
longo e profundo
agudo enigma
a incendiar o medo
mas também talento
a crescer da chama
em coluna de vontade
e as longas pálpebras do Tejo
a voar do rosto liquefeito
da saudade
alongando o rio inaugural
desde a retina de Portugal
até à intensa solenidade
de outros lugares
também eles
respiração do mundo
foi assim
que a humanidade descobriu
que era um navio
Soares Teixeira – 05-05-2015
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