Manhã
o sol a libertar-se
de cada coisa
o chão próximo
dos deuses
no céu uma
nuvem
lenta
para onde foram
os pássaros
que se
desprenderam das asas
voando apenas
em transparente
existência
com forma de
palavra
num vislumbre
de poema
isso foi
já na polpa do
descanso
lado a lado
mãos dadas
num sossego
de dedos em
quase sono
isso foi
depois de nos
termos consagrado
às laranjas e
aos figos
que habitam os
astros
libertando braços
e pernas
como peixes
atirados a um rio
ávido de mar
isso foi
depois do vulcão
quando um no
outro
esse mar chegou
isso foi
na praia
onde ainda
caminhamos
leves aves
ainda a começar
o mundo
Soares Teixeira – 12-02-2015
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