Neste alvoroço
de viver
intensamente
a verdade
silvestre
há mãos que são
navios
e braços que
são ondas
e ombros que
são brisa
e bocas que
atravessam as sílabas
e coxas feitas
de palavras
e pés que são
verbos
e o resto um
pulso de horizonte
sem medida
que nos puxa para
a plenitude do grito
nenhuma lucidez
de espaço nos falta
nenhum vértice
de silêncio
nenhuma espiral
de água
aparece-nos
claridade na pele
e erguemo-nos
num luar só nosso
as árvores
observam
do fundo das
suas raízes
como a nudez da
aliança
abre caminho
na sempre jovem
antiguidade da
luz
e os pássaros
dizem aos ventos
“O prodígio
está ali”
sim é de nós
que falam
e é por nós que
chamam
os derradeiros
unicórnios brancos
Olha! eles vêm!
é manhã nas
asas de uma borboleta
e nela vai
o poema que
somos
Soares Teixeira – 15-12-2014
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