sexta-feira, 29 de agosto de 2014
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
domingo, 17 de agosto de 2014
"SAÚDO-VOS, IRMÃS MONTANHAS" - Soares Teixeira
(Andorra, 13-08-2014)
Aqui me têm, montanhas
diante de todo o além que libertam
e de todo o além que ocultam
aqui me têm
no primeiro momento dum silêncio
que se completa
no primeiro momento dum olhar entoado
pela leveza
no primeiro momento dum sentir
infância nos espaços
no primeiro momento duma outra dimensão
que se abre
corpo?
sim tenho um corpo
e ele é o vosso convés, montanhas
e ele tem a pele dos lagos
e ele tem o cântico das árvores
e ele tem o gosto a céu
ele é o caminho que pertence aos
caminhos
e é neste corpo que partilho convosco
que cresce a hera da unidade, da
unanimidade, do absoluto,
do imemorável, do inominável
O que me rodeia afinal?
o que habita o íntimo murmúrio da
placidez que me recebe?
o poema
com astros no lugar dos olhos, distâncias
no lugar dos lábios,
sede nos arcos dos gestos,
Diante de vós o que sou?
centro e orla; de presença e
ausência, de princípio e fim
flor ancestral de pétalas estendidas
no tempo
polpa de êxtase e fronteira para
lá dos dias
uma nota mais na partitura do
eterno
Saúdo-vos, irmãs montanhas
e porque viemos do mesmo cataclismo
cósmico
ascendo dentro da boca da palavra
e a palavra é verbo
e o verbo é renascer
renasço, renascemos
o vosso respirar é o meu
e com a veemência do instante que ilumina
a viagem
olho-vos para lá da liberdade de
olhar
olho-vos e sou pássaro que vos
leva nas asas
e juntos voamos rumo à incandescência
da primeira sílaba
Espera-nos a frescura do sol
inicial
Soares Teixeira – 17-08-2014
(© todos os direitos reservados)
domingo, 10 de agosto de 2014
VLADIMIR HOROWITZ - 1º AND. "SONATA AO LUAR", BEETHOVEN
Uma das mais sublimes interpretações que já ouvi deste sublime 1º andamento da Sonata ao Luar de Beethoven. Belo, transcendência total, compreensão absoluta desta fabulosa peça, domínio absoluto da alma do piano.
"A RESPOSTA" - Soares Teixeira
Um dia oferecer-me-ás a resposta
lua cheia grávida de mistério
um dia quando entre duas colinas
de vento
o meu corpo deixar de ser irmão da
sede
nesse dia quando eu - leve mais
leve
que a mesa transparente onde os
deuses bebem vinho
habitar o caule do infinito
nesse dia darás à luz a resposta
àquela pergunta que intacta
ambos guardamos na água do nosso
compromisso
por enquanto é de âmbar e ametista
a minha sombra de tigre a caminhar
na selva
às vezes troco o alimento pelo voo
que me é oferecido
(ah frágeis asas que me nascem nos
ombros e nos pulsos)
sim troco e vou - a voar a voar
como se uma cúpula sem matéria me
chamasse
vou sim
até que chegue o dia
aquele dia
em que caminhando sobre a
incandescência das pétalas esquecidas
atravessarei o meu nome
e tu espera em mim serás então
resposta em mim
um dia
não tenho pressa
apesar das sombras o mundo canta
instantes belos
Soares Teixeira – 10-08-2014
(© todos os direitos reservados)
sábado, 9 de agosto de 2014
"NAVEGANTE DOS CÉUS" - Soares Teixeira
Aqui me tens palavra
desembarco na tua praia
e olho para a tua floresta
com agudo olhar
caminho como um barco
transparente
semelhante àquele que aqui me
trouxe
feito de horizonte e unanimidade
aqui me tens
navegante dos céus
que estão dentro das asas
do grande pássaro do tempo
um sonoro silêncio verde chama
por mim
a frescura da água despede-se dos
meus pés
e eu vou a voar
para o arbusto que me espera
Soares Teixeira – 09-08-2014
(© todos os direitos reservados)
"NAVIO DE MÃOS" - Soares Teixeira
Na ardósia do olhar
deixar que o sol escreva azul
e viver a palavra
e nela ser
a gaivota que escreve o poema
lido pelo desejo de ombros nus
depois ir
como rio que se desprende do
leito
e consigo leva secretos peixes
nascidos antes das estrelas
ir
como navio de mãos
que afasta os lírios das
distâncias
ir
como quem respira os instantes
com a certeza que chegar
é estar prestes a partir
Soares Teixeira – 09-08-2014
(© todos os direitos reservados)
Subscrever:
Mensagens (Atom)